Preço do gás sobe após corte no abastecimento russo via Ucrânia
Acordo de trânsito das exportações de gás natural entre a Ucrânia e a Rússia expirou na passagem de ano.
Os preços do gás natural na Europa estão a subir nesta quinta-feira para valores máximos desde Outubro de 2023, em reacção ao fim do abastecimento de gás natural russo através dos gasodutos que atravessam a Ucrânia.
Com uma subida na ordem dos 4%, os preços do gás natural chegaram a estar nos 51 euros por megawatt/hora (MWh).
As exportações da empresa pública russa Gazprom foram interrompidas na madrugada de 1 de Janeiro, uma vez que a Rússia e a Ucrânia não chegaram a um entendimento para manter os fluxos e o acordo de trânsito entre os dois países expirou na mudança de ano de 2024 para 2025, fazendo com que os preços estejam no valor mais alto em mais de um ano.
Este não é o único factor a contribuir para o aumento. A Gazprom também anunciou no final do ano que, a partir de 1 de Janeiro, iria cortar o fornecimento de gás à Moldova, acusando a empresa pública de gás moldova Moldovagaz de quebrar o contrato por uma alegada dívida.
No caso da Ucrânia, foi o Governo que decidiu interromper o transporte de gás russo, justificando-o com a defesa da segurança nacional. “Interrompemos o trânsito do gás russo. Trata-se de um acontecimento histórico. A Rússia está a perder os seus mercados e vai sofrer perdas financeiras. A Europa já tomou a decisão de abandonar o gás russo”, afirmou no primeiro dia do ano o ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko, num comunicado citado pela Lusa.
A agência Reuters nota que o fim do abastecimento via Ucrânia representa o fim de décadas de domínio da Rússia sobre os mercados energéticos europeus, mas sublinha que, sendo já uma interrupção esperada ao fim de quase três anos de guerra, não terá impacto nos preços para os consumidores da União Europeia, ao contrário do que aconteceu em 2022, quando os cortes no fornecimento levaram a uma subida histórica dos preços com impacto na inflação europeia.
Os últimos compradores da UE de gás russo através da Ucrânia, como a Eslováquia e a Áustria, encontraram fontes de fornecimento alternativas; já a Hungria, que continuará a comprar gás à Rússia, mantém o seu abastecimento através do gasoduto TurkStream, pelo mar Negro, escreve a mesma agência.