Adeus, minimalismo: as cinco tendências de moda que vamos vestir em 2025

Do estilo boémio alavancado pela Chloé aos acessórios maximalistas, 2025 será o fim do luxo discreto. As consultoras de imagem aconselham como conjugar as tendências com o que já tem no guarda-roupa.

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O maximalismo com um toque boémio será a grande tendência de 2025, como apresentou Alessandro Michele na Valentino REUTERS/Johanna Geron
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Podem ser as passerelles de Milão, Paris ou Nova Iorque a ditar as tendências, mas é quem as veste que as adapta à realidade. Os desfiles das grandes casas de moda já mostraram o que se vai vestir em 2025, abandonando o até agora vigente luxo discreto e num aparente regresso ao maximalismo com um toque boémio. No entanto, seguir as tendências, não significa sair para comprar roupa nova de forma irreflectida, mas “estar na moda” de forma consciente com o que já se tem em casa. Até porque, não há volta a dar: a moda é cíclica.

Bordeaux, mas não só

A Pantone já ditou qual será a cor deste novo ano: o mocha mousse. E descreve o tom leve de castanho como um luxo tranquilo, que é necessário numa época em que tanto se passa no mundo. O castanho já vinha a ser uma tendência ao longo do último ano, mas será suavizado, tal como indica o instituto que anualmente escolhe uma cor. Contudo, não será instantânea a chegada desta tonalidade às lojas de fast fashion, já que as colecções são preparadas com vários meses de antecedência.

Assim, argumenta o relatório Pinterest Predicts 2025, que antecipa as várias tendências para o ano novo com base nas pesquisas dos utilizadores, o bordeaux e o vermelho não vão cessar para já o seu reinado, alavancados pela Gucci. “Antigamente falava-se que, desde entrar até chegar ao topo e desaparecer, uma tendência tinha uma vida útil de cinco anos. Agora, é tudo mais rápido, mas podemos contar com o bordeaux até 2026”, prevê a consultora de imagem Mónica Lice em conversa com o PÚBLICO.

Na Primavera, também se espera uma predominância dos rosas, tal como os tons pastel, que se materializam em padrões florais “muito românticos”, descreve a especialista. A também consultora de imagem Dora Rebelo lamenta que os portugueses continuem a ser tímidos no que toca às cores e incentiva a que se comece a integrá-la no roupeiro de forma gradual, começando por acessórios, “como um lenço ou na cor do verniz das unhas”, além das meias coloridas, que já foram tendência em 2024 e continuam neste ano. Assim, sublinha, “percebemos se a tendência funciona para nós ou se é uma coisa passageira”.

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Gucci Primavera/Verão 2025 REUTERS/Claudia Greco

Olá, maximalismo

Nos últimos dois anos, o luxo discreto (ou, como o TikTok lhe chamava, o quiet luxury) foi predominante. A tendência ainda não desvaneceu totalmente e os fatos completos vão manter-se como ícone de estilo e elegância. Ainda assim, há um claro regresso ao maximalismo, que se expressa não só no abuso de padrões (ao estilo portuguese girlies ou de Alessandro Michele na Valentino), mas também em peças grandes, como malas estilo shopper, que vêm substituir as bolsas miniatura. “As pessoas cansam-se. Agora querem tudo mais marcante e opulento”, declara Mónica Lice.

Tal como antecipava o desfile de Outono/Inverno da Dior , o estampado animal vai manter-se, ainda que vá assumindo novas vertentes além do clássico leopardo. “É um padrão clássico que existe desde sempre e muitos de nós temos no armário. Ser tendência só quer dizer que haverá mais disponibilidade do produto na loja. É bom para quem gosta”, observa Dora Rebelo, que volta a reiterar o mesmo conselho: “Se calhar um vestido leopardo é demasiado intenso, mas umas sabrinas podem ser uma boa opção. Quanto maior é o volume, mais nos podemos fartar da tendência.”

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Chemena Kamali da Chloé no Met Gala Andrew Kelly/Reuters

Estilo boémio

A estreia da nova directora criativa da Chloé, Chemena Kamali, aconteceu num dos desfiles mais marcantes do ano e abriu caminho a uma nova tendência que já se está a materializar e só ganhará força em 2025: o estilo boémio. Não faltarão folhos, franjas e camurças, que têm servido de inspiração a outras marcas. “Se tivesse de eleger um dos desfiles mais copiados seria esse”, aponta Mónica Lice.

Além dos elementos mais comuns da tendência, a consultora de imagem destaca as mangas e as saias estilo balão, mas pede cuidado na hora de as combinar. “Acima das tendências, vem o estilo pessoal e o tipo de corpo. Para quem tem uma estatura baixa e algum peso a mais, as saias balão só vão enfatizar o volume”, aponta. Assim, devem ser usados truques de styling, como os cintos que definem a silhueta ou casacos abertos em cores contrastantes que criam uma ilusão de alongamento.

As camurças vão materializar-se não só nos habituais casacos, que assumem cortes mais curtos, mas também em saias, também elas encurtadas, ao estilo de Mary Quant nos anos 1960. A combinar, as sandálias compensadas e os sapatos pep toe, que regressam vindos da década passada.

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Colecção de Ralph Lauren na Semana da Moda de Nova Iorque Andrew Kelly/REUTERS

Tendência náutica

É uma tendência que vai e vem com frequência. Para o Verão de 2025, o estilo náutico estará de volta, como mostrou a última colecção de Ralph Lauren, mas não vai resumir-se apenas às riscas azuis e brancas — ainda que estas sejam consideradas já um padrão clássico. A completar, as T-shirts e camisolas deste padrão, os pólos vão ser um essencial de guarda-roupa, aponta Mónica Lice.

Num cruzamento entre o estilo náutico e o boémio, as peças serão adornadas com búzios e conchas — tal como a colecção da portuguesa Constança Entrudo em que os motivos marítimos foram trabalhados em padrões digitais. Ao mesmo tempo, mantêm-se os crochês que já foram tendência neste Verão e que criadores como Ricardo Andrez ou Gonçalo Peixoto também apresentaram na ModaLisboa para a próxima estação quente.

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Desfile da Chanel na Semana da Moda de Paris EPA/TERESA SUAREZ

Acessórios actualizados

Na onda do maximalismo, os acessórios vão ganhar protagonismo (como mostrou a Chanel), mas mantendo o equilíbrio e a elegância. “Vamos usar chapéus, muitos colares dourados, cinto com detalhes, brincos XL e muitas pulseiras”, enumera Mónica Lice. O tamanho XL também se aplica aos óculos maiores e mais marcantes, não só os de sol estilo aviador, mas também os de visão.

“Sou defensora dos acessórios, mas convém ter conta, peso e medida. Se usamos um colar marcante, devemos manter o resto mais simples, sob pena de o resultado ficar estranho”, aconselha a consultora de imagem. Para alongar o visual, um colar vertical com pendente também é uma estratégia eficaz, acrescenta. E remata: “Os acessórios são a pedra de toque actualizadora do visual. Com um cinto, um lenço ou uns sapatos ligados à tendência do momento fazemos uma mudança e com pouco investimento.”

E se precisar comprar alguma coisa, não se esqueça da segunda mão, completa Dora Rebelo. “Há cada vez mais opções, reflexo desta rapidez com que consumimos. Apesar de não ser tudo positivo, há esta vantagem que dá para satisfazer o capricho com alguma coisa que já está a circular no sistema de moda”, termina. Seja como for, em 2025, o importante é assumir e valorizar o estilo pessoal.

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