"Tenho dois cães, o Tufão e a Trufa que entraram na minha vida de forma diferente. Vi o Tufão há 13 anos numa loja de animais no Centro Comercial Amoreiras que ficava ao lado de minha casa. Infelizmente nessa altura os cães ainda eram vendidos em lojas, via-o todos os dias e pensei que tinha que ser meu, mas não tive coragem para o ir buscar. O meu amigo Rui Maria Pêgo estava comigo numa dessas vezes, agarrou no meu cartão multibanco, e como tem acesso aos meus códigos, comprou-me o cão enquanto fui ao supermercado.
Costumo dizer que o Tufão entrou na minha vida quase de forma obrigatória, mas a verdade é que todos os dias durante um mês e uma semana ia vê-lo à loja para ver se estava bem, se estava feliz e se tinha comido. Ele tinha de ter uma família e acabou por ficar para mim. A Trufa tem três anos e meio e foi um presente que os meus amigos deram ao meu marido quando ele fez 39 anos, porque ele também queria ter um cão. Vivemos em cidades separadas, ele no Porto e eu em Lisboa, e achamos que a Trufa se adaptava à vida dele. E acertámos, porque ele leva-a todos os dias para o trabalho.
Em relação à personalidade deles, digo sempre que o Tufão é um cão-gato. É daqueles cães que não ladra, não dá sinal de vida, é muito independente e gosta de estar no seu canto. A Trufa é o contrário. É uma jack russell, mas também tem um comportamento muito diferente desta raça: gosta de brincar, claro, mas é muito tranquila e passa a maior parte do dia a dormir. Só quer mimo.
Acredito que os nossos animais reflectem a nossa personalidade em casa. Tanto eu como o meu marido somos pessoas calmas, pomos sempre a música baixo e não fazemos muito barulho. Acho que é por isso que os nossos cães são relativamente calmos agora. Mas quando eram bebés destruíam coisas. Quando os dentes estavam a crescer e roeram-me imensos sapatos, mas faz parte e a culpa foi minha, porque os deixei à mão.
São cães que têm sorte e uns donos bons que os passeiam em sítios fixes. Em Lisboa vão até ao Jardim da Estrela, que é perto do sítio onde moro e, no Porto, andam pela Foz e pela praia. Em relação a brincadeiras, gostam de bolas, se bem que o Tufão não vai correr atrás de nada. É como disse, tem personalidade de gato. A Trufa qualquer coisa que lhe atiremos para brincar é a alegria da vida dela.
Não são os meus primeiros animais. Em criança tive imensos hamsters: o Romeu, a Julieta, o Cascão e a Mónica. Também um cão chamado Calvin e um coelho. Adoro animais, são a melhor coisa do mundo e tenho muita dificuldade em viver sem eles. É por isso que sinto que tenho um papel na defesa pelos direitos deles. Infelizmente, eles não têm voz e somos nós que temos de os defender. Dão-nos amor incondicional e são a maior alegria que podemos ter na vida e acho que o mínimo que podemos fazer é protegê-los e tratá-los da melhor forma possível.
A quem estiver a pensar ter um animal de companhia, diria primeiro para pensar muito bem, porque dá muito trabalho. E para não ter só porque sim. Quando decidimos tê-los na nossa família, são realmente família.
Acho que todas as pessoas que querem ter um animal deviam de adoptar com responsabilidade. Se tivesse um animal hoje com toda a certeza ia adoptá-lo, porque existem milhares que precisam de ajuda, que estão em abrigos e dispostos a receber carinho. Esses animais são os que mais amam as pessoas com quem estão e se sentem agradecidos. Claro que têm dificuldades e, às vezes, problemas de adaptação, mas todos têm.
Eu vou ter mais animais. É o meu presente de Natal para o meu marido. Ele é que ainda não sabe que vou adoptar agora um. Vamos ver o que vai pensar."
Depoimento construído a partir de entrevista