Ney Latorraca morava há décadas num dos “maestros”, como são conhecidos os quatro prédios de alto luxo com nomes de regentes (Villa-Lobos e Stravinsky eram dois deles), escancarados sobre a orla da Lagoa Rodrigo de Freitas. É um ponto de alto luxo na zona sul do Rio.
Morto aos 80 anos na manhã desta quinta-feira, vítima de sépsis pulmonar, Ney já havia decidido que o apartamento seria doado após a sua morte. Não só o da Lagoa, mas todos os quatro que ele tinha em seu nome: um em São Paulo, “pertinho do prédio do FHC”, mais um no Jardim Botânico (zona sul do Rio) e outro na Rua Rainha Elisabeth, no limite entre Copacabana e Ipanema.
Em entrevista à revista Veja Rio, em Junho de 2020, no auge da pandemia, Ney disse que o investimento em imóveis lhe deu a segurança que precisava para a velhice. “Adoro pagar uma conta em dia, é coisa de filho de gente pobre. Eu já fui bem pobre e só comecei a ganhar dinheiro mesmo nos anos 80 [do século passado], com a peça [O Mistério de] Irma Vap”. O destino para sua herança patrimonial já estava traçado.
“Botei no meu testamento que vou doar os quatro. Um vai para a ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), o outro para o Retiro dos Artistas. Dos outros dois, um fica para o Grupo de Apoio às Crianças com AIDS (sida), de Santos, e outro para um grupo dedicado às vítimas da hanseníase (lepra). Está tudo no meu testamento. Fiz questão.”
Exclusivo PÚBLICO/Folha de S. Paulo