Palcos da semana: orquestras, experiências, Redol e muita festa
O novo ano vem cheio de música, filmes e festejos, com Constantino, Guardador de Sonhos à beira da árvore do rei-artista.
Música em três… dois… um…
Da “Roma Portuguesa” em preparativos para capital cultural até aos grandes festejos algarvios de pé na areia e temperatura amena, vai todo um rol de festas para a contagem decrescente, com muita música para harmonizar com fogos-de-artifício de meia-noite. Eis algumas – quase todas gratuitas e na rua – para partir rumo a 2025.
A de Lisboa está nas mãos do mestre José Cid, velho conhecido destes festejos na Praça do Comércio. O Porto também chama um veterano para as boas entradas nos Aliados: Rui Veloso. Em Portimão, é Martinho da Vila o anfitrião. Albufeira entrega-se a uma Carpe Nox encabeçada pelos Xutos & Pontapés e cheia de drones. Richie Campbell em Lagos e Calema em Monte Gordo são outras sugestões algarvias.
Subindo no mapa, encontramos Dino D’Santiago à beira-mar em Sines, os The Gift no Fim de Ano Azul de Setúbal e a soul de Aurea destacada para a festa almadense junto à junto à Fragata D. Fernando II e Glória. Beja entretém-se com Ivandro, Leiria recebe os GNR, Coimbra vira-se para Matias Damásio e Pete Tha Zouk, a Figueira da Foz tem Slow J, Guimarães convoca Os Azeitonas e Braga conta com Fernando Daniel para a dupla celebração que é entrar em 2025 e assumir a pasta de Capital Portuguesa da Cultura.
Danças com 2025
Depois das badaladas, a Orquestra do Algarve está de abalada para uma digressão movida a polcas, valsas, danças eslavas e outras. Está na altura de cumprir a tradição de saudar o novo ano com um programa musical festivo. Desta vez, são as Danças do Império Austro-Húngaro a marcar-lhe o passo. Martim Sousa Tavares, maestro titular do agrupamento algarvio, dirige a interpretação de pautas assinadas por Brahms, Dvorák e Johann Strauss Jr.
O novo ano é uma Experience
Por falar em ano novo, que entre em cena a Lisbon Film Orchestra, que está sempre preparada para a ocasião com a sua música emoldurada por imagens de filmes e séries.
Primeiro, leva à Figueira da Foz partituras que vão d’O Padrinho aos Beatles (Hey Jude), passando pelos Abba de Mamma Mia!, pela saga de 007 e pelas canções de Assim Nasce Uma Estrela.
Depois, amplia o cineconcerto para o nível de toda uma Experience à medida da Meo Arena, onde se estreou com sucesso no ano passado e à qual regressa com repertório renovado, vários convidados e a promessa de uma imersão sem paralelo no universo sonoro da sétima arte. As vozes de Patrícia Duarte, Vânia Blubird e Diogo Beatriz Santos juntam-se ao agrupamento dirigido, desde sempre, por Nuno Sá.
Pinheirinho coroado
Se hoje temos árvores de Natal enfeitadas dentro de casa, bem podemos agradecer ao rei-artista. Terá sido ele, D. Fernando II, o primeiro a montar uma no país. Em meados do século XIX, trouxe da Áustria essa tradição. Desde 2019 que tem sido recuperada milimetricamente no Salão Nobre do Palácio da Pena, onde está à vista uma reprodução fiel do pinheiro original.
Embora pertencesse à realeza, era pequeno e enfeitava-se com a simplicidade de maçãs, pêras e romãs, a par de velas, figuras e brinquedos – elementos decorativos que sempre que possível, foram feitos nos mesmos materiais da época e com técnicas artesanais. Junto ao Pinheiro da Pena – que será desmontado no Dia de Reis, como manda a praxe – estão gravuras do próprio D. Fernando II que testemunham a popularidade da árvore no seio da sua família.
Redol, sonhos e o programa em volta
Inquietações e procuras, entre noites vazias de sonhos e dias em que se sonha acordado. É neste limbo que se encontra Constantino, Guardador de Sonhos, a peça que O Teatrão se prepara para estrear, com dramaturgia de João Gaspar, encenação de Isabel Craveiro e interpretação de Eva Tiago, João Santos e Margarida Sousa.
Foi um projecto que implicou um mergulho nas profundezas da obra de Alves Redol (no título original, Constantino, Guardador de Vacas e Sonhos) e, por extensão, nos meandros do movimento neo-realista português.
Daí à criação de um todo um programa paralelo – “de diferentes actividades que nos ajudam a pensar porque é que viver, simplesmente, não nos basta”, explica o grupo – foi um passo alargado. A saber: uma exposição Neo-Real com peças do Museu do Neo-Realismo, outra em itinerância por escolas (Alves Redol: Horizonte Revelado), conferências sobre o Real Social, oficinas, Leituras ao Domicílio e um clube de leitura Em Voz Alta para adolescentes.