A ciência e a geração mais preparada de sempre já estão a mudar a economia. E o país
O que se semeia hoje em ciência exige anos de espera até que possa ser colhido. José Manuel Mendonça é um dos académicos e investigadores que andam há anos na linha da frente deste combate.
Em Novembro, quando deu posse aos novos dirigentes do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, insistiu na prioridade de um objectivo estratégico assumido pelo país, pelo menos, desde que Mariano Gago assumiu o cargo de ministro da Ciência, já lá vão 20 anos: o de promover a transformação da economia portuguesa através do conhecimento, da ciência, da tecnologia e da inovação. Nesse momento, Montenegro alertou para uma evidência: o que se semeia hoje em ciência exige anos de espera até que possa ser colhido. E, para nossa sorte e esperança, o que foi semeado no passado começa agora a dar frutos.
No boletim do Banco de Portugal deste mês, essa transformação estava claramente reconhecida: o maior crescimento da produtividade, dizia o Banco de Portugal, reflecte as transformações estruturais que têm ocorrido na economia portuguesa, como a melhoria das qualificações da população, o aumento do stock de capital e os ganhos de emprego em sectores de maior intensidade tecnológica e em conhecimento. Ou seja, como economistas reputados como Fernando Alexandre, actual ministro da Educação, ou Luís Aguiar-Conraria têm assinalado, a economia portuguesa está a resistir melhor, está a crescer acima da média europeia, a atrair mais investimento externo ou a exportar mais bens com intensidade tecnológica porque à sua frente há portugueses mais qualificados e porque está a conseguir incorporar nos seus produtos ciência e tecnologia.
Uma transformação estrutural como a que está a ocorrer demora décadas, e na corrida pelas qualificações Portugal não está sozinho. Vencer esta batalha é particularmente difícil porque a herança do atraso do passado é imensa, como ainda recentemente um estudo da OCDE comprovou. Mas sinais como os que o Banco de Portugal constata são esperançosos. A percentagem de população nacional entre os 18 e os 24 anos que anda na universidade equivale aos melhores da Europa. A qualidade da formação das universidades nacionais é reconhecida internacionalmente. A gestão das empresas está a modernizar-se. Os resultados estão à vista e são talvez os argumentos mais motivadores para olharmos o futuro com optimismo.
José Manuel Mendonça é um dos académicos e investigadores que andam há anos na linha da frente deste combate. Foi presidente do INESC TEC e toda a sua vida profissional foi dedicada à produção de ciência e à criação de pontes entre a investigação, a economia e a sociedade. É o convidado do episódio de hoje do P24 para nos ajudar a compreender o que está a mudar.