Hospital confirma 21 mortos e 116 feridos em manifestações em Nampula

Pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de Outubro, segundo o último balanço da plataforma eleitoral Decide.

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Protestos em Maputo na segunda-feira, após a confrmação da vitória da Frelimo nas eleições de 9 de Outubro PAULO JULIAO / EPA
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Pelo menos 21 pessoas morreram e outras 116 ficaram feridas desde segunda-feira nas manifestações de contestação aos resultados das eleições moçambicanas, anunciou o Hospital Central de Nampula (HCN), o maior do Norte do país.

“Até ao momento, o HCN registou 21 óbitos e está a tratar 116 pacientes com ferimentos graves e ligeiros, causados principalmente por armas de fogo e outras lesões associadas”, avançou o hospital, em comunicado, reportando dados até quarta-feira.

Segundo o HCN, dos 21 óbitos, 17 ocorreram fora do hospital e os restantes no banco de socorros, “devido à gravidade das lesões”, e 31 pacientes permanecem internados em diferentes enfermarias.

Cachimo Mulima, director-geral do hospital, citado no documento, explicou que os protestos dificultam o trabalho das equipas médicas, com profissionais a serem bloqueados pelas barricadas e os manifestantes a dificultarem a circulação de ambulâncias, “comprometendo o atendimento a doentes feridos”.

Aquele hospital apontou ainda que consumiu, até quarta-feira, 40 unidades (0,45 litros cada) de sangue, contando agora com 70 unidades disponíveis, o que “pode não ser suficiente caso a violência persista”.

“A situação em Nampula reflecte a magnitude dos protestos em todo o país, com o sistema de saúde enfrentando desafios críticos para atender às demandas geradas pela violência pós-eleitoral. A comunidade espera que as tensões sejam resolvidas pacificamente nos próximos dias”, concluiu.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 9 de Outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Segundo um novo balanço feito esta quinta-feira pela plataforma eleitoral Decide, pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de Outubro, metade das quais apenas desde o anúncio dos resultados finais, na segunda-feira.

De acordo com o mais recente balanço daquela Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana que monitoriza os processos eleitorais, com dados até às 9h00 (menos duas horas em Lisboa) desta quinta-feira só desde 23 de Dezembro já morreram nestas manifestações 125 pessoas.

Ainda desde segunda-feira, aquela ONG contabilizou 224 pessoas baleadas, das quais 59 na cidade de Maputo e 37 na província de Maputo, bem como 43 em Nampula e 65 em Sofala.

Desde 21 de Outubro, o registo da plataforma eleitoral Decide contabiliza 569 pessoas baleadas em todo o país, além de 252 mortos e seis desaparecidos.

Somam-se ainda 4175 detidos desde o início da contestação pós-eleitoral, 137 dos quais desde segunda-feira.