Trump ameaça retomar controlo norte-americano do Canal do Panamá

Presidente-eleito dos EUA exige fim da cobrança de taxas “ridículas” por parte do Panamá, ameaçando exigir a devolução do controlo sobre a infraestrutura.

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Todos os anos, passam pelo Canal do Panamá cerca de 14.000 navios, representando 2,5% do comércio marítimo mundial Enea Lebrun / REUTERS
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O Presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que irá exigir a devolução do Canal do Panamá caso o país da América Central continue a cobrar o que considerou serem taxas de trânsito "ridículas", numa altura em que a navegação da via se encontra ameaçada pela seca e pelos correspondentes baixos caudais dos rios da região, obrigando as autoridades panamianas a restringir o tráfego.

"As taxas cobradas pelo Panamá são ridículas, especialmente sabendo da generosidade extraordinária concedida ao Panamá pelos Estados Unidos", escreveu Trump, na madrugada de domingo, na sua rede social, a Truth Social.

"Se os princípios, tanto morais como jurídicos, deste gesto magnânimo não forem seguidos, então iremos exigir que o Canal do Panamá nos seja devolvido", declarou Trump, que tomará posse novamente como Presidente dos Estados Unidos a 20 de Janeiro.

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Um navio cruzeiro atravessa as comportas de Miraflores no Canal do Panamá, em Outubro Reuters

Este domingo, o republicano retomou o ataque durante um comício no estado norte-americano do Arizona. "Estamos a ser roubados no Canal do Panamá como estamos a ser roubados em todos os outros lados", declarou, prometendo que não permitirá que o canal caia em "mãos erradas", aludindo à presença chinesa na região.

Durante grande parte do século XX, o Canal do Panamá esteve sob controlo norte-americano. Em 1977, então com o democrata Jimmy Carter na Presidência dos EUA, iniciou-se um processo de transferência de soberania para o Panamá, culminado a 31 de Dezembro de 1999, após duas décadas de controlo conjunto transitório.

Quase 25 anos depois da transferência, os EUA, que concluíram a construção da estrutura em 1914, continuam a ser os principais utilizadores de uma das mais importantes vias de navegação do mundo, que liga o Atlântico ao Pacífico. Por ali passam 14.000 navios por ano, ou 2,5% do transporte marítimo global, com uma importância crítica para o comércio entre os EUA e os mercados asiáticos.

Segue-se a China na lista dos maiores clientes do Panamá, com uma empresa com sede em Hong Kong, a CK Hutchison Holdings, a gerir dois portos nas duas entradas do canal.

Anexar o Canadá?

Não é a primeira vez que Trump alude a uma possível expansão do território norte-americano. Nas últimas semanas, e acompanhando a ameaça de impor pesadas tarifas sobre as importações provenientes dos vizinhos México e Canadá, o Presidente-eleito dos EUA tem satirizado, nas redes sociais, sobre uma hipotética anexação do país do Norte.

Trump descreveu igualmente Justin Trudeau, o primeiro-ministro canadiano, como o "governador do grande estado do Canadá" ao ridicularizar o chefe de Governo do país vizinho, a braços com uma crescente crise política e de liderança, agravada esta semana com a demissão da ministra das Finanças, Chrystia Freeland, em desacordo com a estratégia do executivo em relação à ameaça norte-americana de uma guerra comercial.

Em 2019, durante o seu primeiro mandato presidencial, Trump apontou baterias também à Gronelândia, território árctico autónomo da Dinamarca, declarando estar interessado em comprar a ilha a Copenhaga. Na altura, o governo dinamarquês rejeitou de forma peremptória qualquer possibilidade de diálogo sobre a matéria.

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