Execuções de militares ucranianos pela Rússia aumentaram no último ano

O Ministério Público ucraniano tem indícios de mais de 120 execuções de soldados presos pela Rússia no último ano. Moscovo nega matar prisioneiros de guerra.

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Há inúmeros relatos de execução de soldados ucranianos presos pela Rússia OLGA KOVALOVA / EPA
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O número de execuções de militares ucranianos capturados pelas forças russas tem aumentado ao longo do último ano, de acordo com o Ministério Público ucraniano. Kiev estima que 147 soldados ucranianos tenham sido executados de forma sumária por militares russos desde o início da invasão em larga escala.

Porém, 127 casos terão acontecido só este ano, segundo o director do Departamento de Guerra do Gabinete do Procurador-Geral ucraniano, Iuri Belousov. “A tendência de crescimento é muito clara, muito óbvia”, disse o responsável em entrevista à BBC.

É difícil obter um panorama claro das execuções extrajudiciais em contexto de guerra. A BBC analisou vários vídeos captados por drones que mostram execuções por tiro e, num dos casos, até uma decapitação de militares ucranianos capturados por russos. Estas execuções, explica a estação britânica, ocorrem geralmente em locais sem características físicas que permitam identificar a sua localização exacta.

Um dos casos confirmados pela BBC envolve a execução de nove soldados ucranianos em Outubro, que foi descoberto a partir de uma fotografia em que é possível ver os corpos semi-nus das vítimas. Num vídeo descrito pela BBC, 16 militares ucranianos são vistos a render-se para, de seguida, serem abatidos a tiro.

As Convenções de Genebra que regulam a lei da guerra proíbem a execução de militares capturados por forças inimigas, o que constitui um crime de guerra. Em Março do ano passado, a ONU já tinha denunciado dezenas de execuções de militares que se tinham rendido em ambos os lados do conflito.

“As execuções tornaram-se sistemáticas desde Novembro do ano passado e prosseguiram ao longo de todo o ano”, afirma Belousov, que recusa falar em “casos isolados”. “Estão a acontecer em várias áreas e têm os sinais claros de que fazem parte de uma política – há provas de que estão a ser emitidas instruções para que isto aconteça”, explica o procurador.

Há relatos e acusações de que as forças ucranianas também executaram presos de guerra russos. Belousov diz que todas as alegações têm sido investigadas de forma séria, mas até agora não houve qualquer acusação formal.

A Rússia rejeita as acusações de que os seus militares tenham executado prisioneiros de guerra ucranianos. O Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que os militares russos tratam os presos ucranianos “estritamente em linha com os documentos legais internacionais e com as convenções internacionais”.

Desde o início da invasão que há inúmeros relatos de execuções levadas a cabo pelos militares russos, incluindo de civis, como aconteceu em Bucha e Irpin, nos arredores de Kiev – Moscovo disse que tudo não passou de uma “encenação”. A Human Rights Watch considera que as forças russas cometeram “uma litania de violações, incluindo algumas que deviam ser investigadas como crimes de guerra ou crimes contra a humanidade”.

Para a directora-adjunta da Divisão da Europa e Ásia Central da Human Rights Watch, Rachel Denber, há várias questões que têm de ser colocadas junto da hierarquia militar e política russa.

“Que instruções receberam estas unidades, tanto formal como informalmente, dos seus comandantes? Que passos têm sido dados pela cadeia de comando para investigar estes episódios? E se as cúpulas não estão a investigar, ou não estão a adoptar medidas para prevenir estas condutas, será que estão conscientes de que também são criminalmente responsáveis?”, questionou Denber.

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