Operação da PSP: dezenas de pessoas encostadas à parede e duas detenções
O enorme aparato policial na zona levou à circulação de imagens nas quais se vislumbram dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia.
A "operação especial de prevenção criminal" realizada esta quinta-feira pela PSP na zona do Martim Moniz, Lisboa, culminou na detenção de dois homens: um por posse de uma arma branca e alguma droga e outro suspeito da concretização de pelo menos oito crimes de roubo, informou o Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS) em comunicado.
De acordo com a porta-voz do COMETLIS da PSP, o primeiro, de 27 anos, que estava num dos estabelecimentos comerciais alvo de busca, tinha na sua posse uma arma branca e uma quantidade de droga, alegadamente canábis (que agora vai para análise) superior à média diária despenalizada. O outro homem foi detido através de mandado de detenção por ser suspeito de pelo menos oito furtos.
Nesta operação da Polícia de Segurança Pública (PSP), no Largo do Martim Moniz e que fechou a Rua do Benformoso, como foi visível em imagens recolhidas no local, algumas delas difundidas pelas televisões, foram ainda apreendidos cerca de 100 artigos contrafeitos e 4600 euros em dinheiro.
Segundo os números provisórios, foram ainda elaborados dois autos de notícia por contra-ordenações relativas a estabelecimentos comerciais.
Uma outra fonte da PSP adiantou à agência Lusa que no local foram cumpridos seis mandados de busca não domiciliária emitidos pelo Ministério Público, resultando no detido, com 27 anos, por posse de arma proibida e produto estupefaciente, bem como 435 euros por suspeita de ser dinheiro proveniente de actividades ilícitas, sete bastões (de madeira e de ferro), 17 envelopes com fotos tipo passe.
Foram também apreendidos 3435 euros em numerário, um passaporte e diversos documentos por suspeita a auxílio a imigração ilegal, 581,37 gramas de haxixe, uma faca com mais 10 centímetros de lâmina e um telemóvel que constava como furtado.
O enorme aparato policial na zona levou à circulação de imagens nas redes sociais, nas quais se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.
A Casa do Brasil de Lisboa, uma organização sem fins lucrativos que presta auxílio a imigrantes em Portugal desde 1992, publicou uma nota de repúdio nas redes sociais, onde sublinha que a operação, "numa democracia, é absolutamente inaceitável". "Sabemos que essa região é habitada por muitas pessoas imigrantes, o que torna evidente a tentativa de criminalização dessa comunidade por meio da acção policial", acusam. A organização acrescentou ainda que a operação foi "vexatória, degradante e humilhante".
Questionada a porta-voz do COMETLIS, a subcomissária Ana Raquel Ricardo, sobre esta questão, explicou que uma "operação especial de prevenção criminal dá legitimidade para fazer outro tipo de diligências, nomeadamente a revista de cidadãos que se encontrem no local e revista de viaturas" que por ali circulem.
A mesma responsável referiu que o contingente empregue "foi o necessário" para uma operação deste tipo, sem, contudo, revelar o número de profissionais envolvidos.
Segundo a PSP, participaram nesta operação meios das Equipas de Intervenção Rápida (EIR), das Equipas de Prevenção e Reacção Imediata, de trânsito e à civil - investigação criminal e fiscalização.
Num comunicado emitido na tarde desta quinta-feira a divulgar a operação, o COMETLIS referia que a operação na freguesia de Santa Maria Maior teve como objectivo "alavancar a segurança e tranquilidade pública da população residente e flutuante" e que decorreu na zona da Praça do Martim Moniz, "área onde frequentemente se registam ocorrências que envolvem armas".
O objectivo da operação, segundo a PSP, era "deter suspeitos da prática de crimes de posse ilegal de arma e apreender armas que eventualmente sejam encontradas no interior de veículos de suspeitos e aumentar o sentimento de segurança das pessoas que habitualmente utilizam os transportes públicos, espaços que dão acesso a estes, bem como nas áreas adjacentes, fiscalizando os utentes suspeitos dos transportes públicos".
Incidiu igualmente "em locais considerados e avaliados de maior risco, exemplo de cafés, associações, entre outros existentes nos locais, considerando a recolha de informações em fase de planeamento e execução das operações".
A operação decorreu em coordenação com a Unidade Contra o Crime Especialmente Violento (UECCEV) do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.
"É expectável que a operação potencie a segurança e tranquilidade públicas junto dos cidadãos nos locais referidos, bem como nas suas zonas envolventes, e permita controlar, detectar, localizar, apreender e prevenir a introdução, ou verificar a regularidade da situação de armas, seus componentes ou munições", referia a PSP no comunicado.