Albuquerque pediu ao representante da República eleições “o mais rapidamente possível”

Tal como se antecipava, todos os partidos até agora ouvidos defendem que a solução é a realização de eleições antecipadas na Madeira.

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O representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto recebe esta quinta-feira os partidos com assento no parlamento regional HOMEM DE GOUVEIA / LUSA

O líder do PSD-Madeira, Miguel Albuquerque, voltou a defender na manhã desta quinta-feira, à saída da audiência com o representante da República, que se "realizem as eleições o mais rapidamente possível", depois de na terça-feira a aprovação de uma moção de censura ter feito cair o Governo Regional. A comitiva do PSD, liderada por Miguel Albuquerque, foi a primeira a reunir-se com o representante da República, Ireneu Barreto, que esta quinta-feira receberá os partidos representados na Assembleia Legislativa da Madeira. Até agora, todos os partidos ouvidos defendem eleições antecipadas.

À saída do encontro em que transmitiu a Ireneu Barreto a intenção de que haja eleições, Miguel Albuquerque voltou a dramatizar a situação, argumentando que com a queda do seu Governo, a Madeira fica "sem orçamento", com um governo "de gestão" e condicionado a duodécimos. "É fundamental reinstaurar o mais rapidamente possível a confiança no mercado, garantir que, através das eleições, voltamos a ter um governo estável e com horizonte de futuro", defendeu, citado pelo DN Madeira.

O líder do PSD-Madeira sacudiu as acusações feitas pela oposição de que é o responsável pela situação de instabilidade política na região e acusa os partidos que aprovaram a moção de censura de causarem "danos à confiança que existe e que tem que continuar a existir na Madeira".

Albuquerque lembrou ainda necessidade de ser lançado o concurso para a terceira fase de construção do novo hospital da Madeira, bem como de projectos de habitação apoiados pelo PRR.

PS "preparado para governar"

Logo de seguida, foi a vez de Paulo Cafôfo, líder do PS-Madeira, que também pediu eleições. O socialista afirmou que o PS está "preparado para governar". "Sei que há grande incerteza no futuro, mas isso depende da opção [dos eleitores] e é preciso dar força ao PS", pediu. Cafôfo argumenta que "em 50 anos o PSD não conseguiu resolver os problemas da região" e "limita-se a ser um gestor de casos de corrupção".

Em declarações transmitidas pela RTP3, Paulo Cafôfo acusou Albuquerque de só querer "salvar-se a si" e não à região.

Também Élvio Sousa, secretário-geral do Juntos Pelo Povo (JPP) considera "inevitável" ir para as eleições. "Foi dito que havia condições de estabilidade, o que não se confirmou", declarou à saída do encontro. "Neste momento, a nossa prioridade é que a região retome um cenário de estabilidade", insistiu.

Chega não tem medo de ser castigado

No mesmo sentido, o presidente do Chega-Madeira, Miguel Castro, defendeu que, não havendo uma reformulação do Governo Regional, a região deve realizar eleições. O partido proponente da moção de censura que causou a queda do executivo madeirense diz que "não tem medo de eleições" e que "os madeirenses e porto-santenses estão atentos e hão-de saber quem é que liderou este processo da moção de censura a um governo que estava completamente desgastado".

Miguel Castro disse ainda não temer que o facto de o Chega ter apresentado a moção de censura possa ter "o efeito contrário" no eleitorado e que o partido seja prejudicado em eventuais eleições antecipadas. E rejeitou qualquer acordo com o PS.

Depois do PSD, PS, JPP e Chega, Ireneu Barreto recebe o CDS, a IL e o PAN. No final está prevista uma declaração do representante da República.

Embora a Constituição não determine que se avance para eleições antecipadas, a realização de um novo sufrágio é o cenário visto como mais provável. É, aliás, isso que o representante da República na Região da Madeira prevê: “O mais natural é que todos os partidos digam que querem eleições”, disse Ireneu Barreto, em declarações aos jornalistas logo na terça-feira, quando anunciou as audiências aos partidos.

A decisão final caberá ao Presidente da República, a quem compete dissolver a Assembleia Legislativa (que se mantém na plenitude de funções até à dissolução). Para isso, Marcelo Rebelo de Sousa terá de ouvir o Conselho de Estado e os partidos. Se a decisão passar pela dissolução do parlamento regional e novas eleições antecipadas, será a terceira vez que a região irá a votos em cerca de um ano e meio.

Miguel Albuquerque tem repetido que será de novo candidato num próximo escrutínio eleitoral, mas a oposição no PSD-Madeira já veio exigir novas eleições internas e garantir que recolherá as assinaturas necessárias para convocar um congresso extraordinário electivo se Albuquerque não sair pelo próprio pé. Por seu turno, Miguel Albuquerque recusa a realização de um congresso electivo por ter havido eleições directas em Março deste ano.

Actualmente, o parlamento regional é constituído por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN.

Notícia actualizada às 12h21: Inclui as declarações do PS, JPP e Chega.

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