Macron visita Mayotte e promete fornecimento de água e alimentos até domingo

Presidente francês foi confrontado por habitantes da região que se queixam da falta de bens essenciais, algo que Macron quer corrigir.

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Pessoas procuram roupas no meio da devastação em Mayotte, que Macron visita por estes dias Yves Herman/REUTERS
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Emmanuel Macron chegou na manhã desta quinta-feira à região francesa de Mayotte, atingida no passado dia 14 pelo ciclone Chido, que provocou destruição generalizada por toda a ilha, e prometeu o restabelecimento de bens e serviços essenciais, em particular água e alimentos cujo fornecimento o Presidente francês pretende restabelecer até domingo. O número oficial de mortos à passagem do ciclone na ilha cifra-se agora em 31, mas suspeita-se que centenas mais possam ter morrido. Já em Moçambique, país que também foi atingido pelo Chido depois de passar por Mayotte, contam-se 73 mortes, segundo as autoridades.

O Presidente francês aterrou na ilha por volta das 11h15 locais (8h15 em Portugal continental), tendo seguido para uma viagem de reconhecimento aéreo à região afectada. À chegada, durante uma ronda de cumprimentos, Assane Halo, funcionária da segurança no aeroporto onde aterrou Macron, confrontou o Presidente com a realidade na região.

"Tudo foi demolido. Precisamos da vossa ajuda, não há nada em Mayotte. Temos filhos pequenos, não temos água, não temos electricidade", pediu a funcionária do aeroporto a Macron.

"Não temos nada. Não temos água. Nada para nos abrigarmos. Só podemos pagar em dinheiro, o que é que vamos comer?", insistiu Halo, pedindo que "dêem ajuda" e "soluções que funcionem".

Na rede social X, Macron deixou uma primeira mensagem de motivação à chegada. "Maiotenses, vamos levantar-nos juntos", escreveu o Presidente em francês, seguido de uma mensagem em kibushi, dialecto do comorês local de Mayotte, que se traduz para "pouco a pouco, lá chegaremos".

Depois da viagem aérea, Macron visitou o Centro Hospitalar de Mayotte, onde foi novamente confrontado com os testemunhos dos habitantes, que lhe pediram água.

"As pessoas estão a lutar por um pouco de água. Os aviões militares ainda não chegaram cá", afirmou uma habitante da região, citada pelo Le Monde.

Macron assumiu o objectivo de restabelecer o fornecimento de água e alimentos para, "o mais tardar, domingo à noite", em "todas as comunas", e anunciou que um hospital de campanha iria ser instalado a partir desta sexta-feira. O próximo dia 23 de Dezembro será dia de luto nacional pelas vítimas, anunciou ainda o Presidente francês. A região está, desde a noite passada, em estado de calamidade excepcional, o que permitiu ao Governo assinar um decreto que congelou os preços de bens essenciais na região para combater a especulação.

Numa região onde se estima que apenas 6% dos agregados familiares tenham seguro de casa, Macron anunciou também que iria estabelecer um fundo de indemnização para apoiar as pessoas que não estão seguradas. Ao todo, estima-se que os custos da reconstrução da ilha se situem entre os 650 e os 800 milhões de euros, segundo um comunicado da entidade seguradora estatal Fundo Central de Seguros.

73 mortos pelo Chido em Moçambique

Depois de passar por Mayotte, o rasto de destruição provocado pelo ciclone chegou também ao Norte de Moçambique, tendo atingido terra na província de Cabo Delgado e afectado ainda as províncias vizinhas de Nampula e Niassa. Segundo o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) moçambicano, estão confirmadas 73 mortes à passagem do ciclone.

Segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo INGD, estão ainda confirmados 543 feridos e um desaparecido, num total de 329.510 pessoas afectadas pelo ciclone. Só na província de Cabo Delgado, onde desde 2017 se trava uma guerra civil entre insurgentes jihadistas e o Exército moçambicano, terão morrido pelo menos 66 pessoas, de acordo com os dados oficiais.

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