Ministro da Educação: “Vamos ter milhares sem aulas por muito tempo”
“Temos noção do problema e quando temos o número de alunos a aumentar e um problema estrutural para trás de falta de professores e alunos sem aulas isto não se resolve de um ano para o outro”, disse.
- Lei também: mais de 300 mil alunos estiveram sem aulas pelo menos durante três semanas, diz Fenprof
Depois de reconhecer ter dado números errados quanto ao universo de alunos sem aulas, o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, admitiu nesta terça-feira que vão existir, “durante muito tempo, milhares de alunos sem aulas”. “Isso foi dito desde o início”, frisou o governante, questionado pelos jornalistas à margem do 1.º Fórum para a Europa e Américas – EuroAmericas Forum 2024, que decorreu em Cascais. Mas evidenciou: “Foi um início de ano lectivo muito diferente do dos anos anteriores, com as escolas estáveis, com os professores mais motivados.”
O primeiro período lectivo chegou ao fim nesta terça-feira e o problema crónico de falta de professores continuou a marcar o dia-a-dia das escolas. “Temos noção do problema que temos pela frente e quando temos o número de alunos a aumentar e um problema estrutural para trás de falta de professores e alunos sem aulas isto não se resolve de um ano para o outro”, afirmou Fernando Alexandre, recordando que “foram tomadas 17 medidas, umas mais eficazes, outras menos, mas que garantiram aulas a dezenas de milhares de alunos”.
Em Novembro, Fernando Alexandre garantiu que o número de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina tinha caído 89% face ao ano passado, dados que viria a reconhecer serem errados na semana seguinte.
Já nesta terça-feira, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação fez chegar às escolas quatro notas informativas das quais constam medidas que pretendem ser uma espécie de guia para as direcções porem no terreno uma série de novas iniciativas para melhorar a qualidade das aprendizagens e reduzir o insucesso escolar, assim como para chamar mais docentes para os estabelecimentos de ensino.
Entre elas, destaca-se a criação de uma plataforma digital onde são disponibilizados conteúdos, como os chamados "Guiões de Trabalho Autónomo" e outros que faziam já parte da plataforma #EstudoEmCasa, muito usada durante a pandemia nas aulas à distância, como noticiou o PÚBLICO. A tutela prevê também avançar em 2025 com tutorias psicopedagógicas logo no 1.º ciclo e contar com professores reformados voluntários.
Neste último caso, pretende-se chamar os professores reformados de volta às escolas (não apenas para dar aulas, como os 62 que estão disponíveis) para darem apoio aos alunos e criar mentorias a jovens professores, num regime de voluntariado que será simplificado. Os directores poderão convidar directamente docentes aposentados ou lançar um aviso público, sendo que o ministério se compromete a cobrir custos relacionados com este processo.