Quatro restaurantes de Lisboa que são embaixadas dos Vinhos Verdes

Fogão, forno ou grelha, a tríade de fogo que marca a matriz da cozinha portuguesa tem vários representantes à altura em Lisboa. As moradas que se seguem têm como mais-valia a atenção dada aos vinhos.

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Na carta da Nunes Real Marisqueira, o sommelier Gabriel Duarte tem representadas as 14 regiões vitivinícolas portuguesas. HKPhotography/DR
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Nunes Real Marisqueira

A Nunes Real Marisqueira não é uma casa de restauração clássica, onde aos mais comezinhos mariscos se juntam uns preguinhos para finalizar a refeição. Há quase como que uma reinvenção da cozinha com combinações de iguarias inesperadas, algumas mesmo muito ousadas, mas que são do agrado de uma boa parte dos clientes, como se pode verificar nas críticas online.

O espaço – fundado em 2001 pelo casal Miguel e Vânia Nunes, na mesma rua, mas uma centena de metros mais abaixo, e mudado para a actual morada no Verão de 2022 – é atraente, bem decorado, mesmo muito perto do luxuoso.

E sim, é uma marisqueira como se pode constatar pelos compridos aquários bem fornecidos de lagostas, santolas e outros crustáceos que se anicham ao longo da parede da sala principal. Na cave há mais, dizem-nos.

A clientela é, grosso modo, constituída por 70% de nacionais e os restantes estrangeiros, com presença bem marcada de brasileiros.

A cozinha é extraordinariamente imaginativa, juntando os mariscos com preparações muito simples e os pratos mais clássicos da cozinha portuguesa (os grelhados de peixe, por exemplo), com ligações inesperadas de lagosta com massa ou a lagosta à basca, em que o crustáceo frito é acompanhado de batatas fritas e ovos estrelados, camarão com caviar, ou ainda santola e salmorejo, onde o delicado marisco é associado à sopa de tomate andaluza.

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Os compridos aquários que se anicham ao longo da parede da sala principal, bem fornecidos de lagostas, santolas e outros crustáceos, mostram ao que se vem. Gonçalo F. Santos/DR
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Miguel e Vânia Nunes fundaram a Nunes Real Marisqueira em 2001, uma centena de metros abaixo da morada actual. Gonçalo F. Santos/DR

Para quem não gosta de (ou não pode comer) marisco há meia dúzia de pratos de carne. Então, e pregos, não há? Há, pois claro, e, além dos clássicos, uns deliciosos feitos com carne de lavagante.

Entre a dúzia de sobremesas, a mais pedida é o pudim à Nunes, um doce de ovos com vários segredos pelo meio.

E em relação aos vinhos? O sommelier Gabriel Duarte esclarece que as quatro regiões mais representadas na generosa carta de vinhos são Douro, Dão, Vinhos Verdes e Lisboa, embora tenham vinhos das 14 regiões vitivinícolas portuguesas.

Da região dos Vinhos Verdes têm 17 referências, com mais peso no alvarinho, seguindo-se o loureiro e são muito apreciados pelos clientes norte-americanos e do Norte da Europa, que acham deliciosa a combinação da sua acidez com a carne ligeiramente adocicada do marisco.

Além dos mariscos ao natural e de pratos clássicos da cozinha portuguesa, na ementa da Nunes Real Marisqueira cabem também ligações inesperadas, como a lagosta com massa. Gonçalo F. Santos/DR
O peixe grelhado é também uma presença forte na oferta gastronómica da Nunes Real Marisqueira. Gonçalo F. Santos/DR
A Nunes Real Marisqueira não é a clássica marisqueira a servir mariscos seguidos de preguinhos para finalizar a refeição. Aqui, há quase como que uma reinvenção da cozinha, com combinações inesperadas. Gonçalo F. Santos/DR
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Além dos mariscos ao natural e de pratos clássicos da cozinha portuguesa, na ementa da Nunes Real Marisqueira cabem também ligações inesperadas, como a lagosta com massa. Gonçalo F. Santos/DR

Nunes Real Marisqueira
Rua de Bartolomeu Dias, 172 (Restelo), Lisboa
Tel.: 213019899
Web: nunesmarisqueira.pt
Das 12h30 às 00h
Encerra à segunda
Preço médio: 60 euros

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A sala enche a vista, mal se entra na Casa do Bacalhau, que ocupa as antigas cavalariças do palácio do Duque de Lafões. Casa do Bacalhau/DR

Casa do Bacalhau

As instalações são magníficas, nas antigas e amplas cavalariças do palácio do Duque de Lafões, na Rua do Grilo.

Na Casa do Bacalhau, o rei da ementa é, como o nome indica, o fiel amigo, com mais de duas dezenas de iguarias à escolha. Logo no couvert vale a pena provar o patê de bacalhau, uma delícia. Nas entradas, cinco propostas de bacalhau à escolha, nos pratos principais, nada menos de 22 variações à roda da estrela da casa. São tão variadas as preparações que seria exaustivo referi-las a todas.

Para além disso, há mais meia dúzia de pratos de carne e peixe, e ainda um vegetariano e outro vegano.

Segundo o gerente, Rui Henriques, o prato com mais saída é o bacalhau assado com batatas a murro. Nas sobremesas há uma dezena à escolha e, surpresa, uma chama-se baba de bacalhau.

Para os mais de 150 lugares distribuídos por duas salas, a clientela durante a semana, ao almoço, é maioritariamente constituída por portugueses. Ao jantar, os estrangeiros são em maioria, e só metade são brasileiros.

O que também impressiona é a enorme carta de vinhos, com cerca de 500 referências, das quais 21 da Região dos Vinhos Verdes, com especial relevância para os da casta alvarinho e o loureiro logo a seguir.

A Casa do Bacalhau está nas mãos desta gerência desde Março de 2011 e pertence ao grupo liderado pelo chef João Bandeira, que também detém o restaurante Via Graça (talvez a vista mais fantástica de um restaurante lisboeta sobre a parte histórica da cidade) e o Sushi del Mar, em Cascais.

Casa do Bacalhau
Rua do Grilo, 54 (Beato), Lisboa
Tel.: 218620007
Web: casadobacalhau.pt
Das 12h às 23h
Não encerra
Preço médio: 50 euros

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Quem vê apenas a estreita fachada do Solar dos Presuntos, junto ao elevador do Lavra, não imagina a sucessão de salas e recantos que ali se escondem. Tadeu Machado/DR

Solar dos Presuntos

O restaurante Solar dos Presuntos é vizinho de várias instituições lisboetas de enorme gabarito, entre elas, o Coliseu dos Recreios e o Teatro Nacional D. Maria II. Foi fundado em 1974 por Evaristo Álvaro Cardoso, ou Evaristo de Monção, para os íntimos, por ter sido essa terra minhota que o viu nascer.

Ao longo dos anos o restaurante cresceu em fama e espaço e, segundo o seu filho Pedro Cardoso, hoje à frente da casa, muitas figuras públicas ajudaram a crescer a fama deste sítio de excelente cozinha e melhor serviço. “Primeiro vieram os artistas, depois os políticos e a seguir as mais conhecidas figuras do futebol.”

Actualmente também o turismo tem um peso assinalável, com os brasileiros à cabeça. Ao almoço, quase três quartos são portugueses. Ao jantar há duas cobertas, a primeira entre as 18h30 e as 21h, esmagadoramente com estrangeiros, e a segunda, a partir das 21h30 com grande maioria de público nacional.

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Na esplanada do Solar dos Presuntos, um mural de Vhils evoca Evaristo Cardoso e Maria da Graça, fundadores da casa e pais do actual proprietário, Pedro Cardoso. Solar do Presuntos/DR
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A garrafeira do Solar dos Presuntos é um portento, com mais de 600 referências disponíveis, das quais duas dúzias da Região dos Vinhos Verdes, com o alvarinho como casta-rainha. Solar do Presuntos/DR

A ementa assenta na mais típica cozinha portuguesa e todos os dias há uma iguaria diferente: bacalhau à Gomes de Sá, arroz de cabidela (que os estrangeiros estranham e depois adoram), cozido, panela (uma feijoada rica) e arroz de pato, de segunda a sexta, respectivamente. Na totalidade da ementa há muitos mais pratos, quer de fogão, quer de forno e de grelha. Diz-nos Pedro Cardoso que se consomem mais de 50 quilos de lavagante e se servem mais de 700 refeições por dia.

A garrafeira é um portento, com mais de 600 referências à escolha, das quais duas dúzias da Região dos Vinhos Verdes, com o alvarinho como casta-rainha, mas com o loureiro logo a seguir.

Solar dos Presuntos
Rua das Portas de Santo Antão, 150 (Baixa), Lisboa
Telf: 213424253
Das 12h às 15h30 e das 18h30 às 22h30
Encerra ao domingo
Preço médio: 70 euros

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Os vinhos têm lugar de destaque na Churrasqueira Dom Pedro, como facilmente se constata pela sua presença ao longo das paredes do restaurante. Ricardo Palma Veiga/DR

Churrasqueira Dom Pedro

Apesar de se chamar churrasqueira e de ficar na periferia da capital, mais propriamente na Ramada, freguesia do concelho de Odivelas, a Churrasqueira Dom Pedro é um dos melhores restaurantes familiares da Área Metropolitana de Lisboa.

Pedro Ferreira, dono e patrão, tinha 6 anos quando viu o pai abrir uma casinha de churrasco de frangos naquela morada. Com o passar dos anos a casa foi crescendo, Pedro fez um curso de hotelaria e a pequena casa de frangos para levar para casa cresceu em qualidade e em tamanho, com a compra de lojas vizinhas.

Hoje, com a colaboração da sua mulher Cláudia Novais, que não hesitou em largar a profissão de psicóloga para assessorar o marido, com mais de 80 lugares e uma clientela tão grande que é difícil arranjar lugar sem marcação prévia. O forte da casa são pratos da cozinha tradicional portuguesa, de peixe e carne e, obviamente, com a continuação da tradição dos grelhados.

A par do arroz de lingueirão, uma das iguarias mais apetecidas da casa, também o cozido à portuguesa, os bacalhaus de vários tratamentos e os peixes fresquíssimos são bons cartões-de-visita.

A Churrasqueira Dom Pedro começou como uma casinha de churrasco de frangos. Com o passar dos anos, cresceu em tamanho e em qualidade, Ricardo Palma Veiga/DR
Churrasqueira Dom Pedro, na Ramada (Odivelas) Ricardo Palma Veiga/DR
O forte da casa são pratos da cozinha tradicional portuguesa, Ricardo Palma Veiga/DR
Churrasqueira Dom Pedro, na Ramada (Odivelas) Ricardo Palma Veiga/DR
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A Churrasqueira Dom Pedro começou como uma casinha de churrasco de frangos. Com o passar dos anos, cresceu em tamanho e em qualidade, Ricardo Palma Veiga/DR

As sobremesas são também uma homenagem à tradição doceira portuguesa, com quase duas dezenas listadas.

Quanto à garrafeira, os clientes têm uma escolha alargada, com centenas de marcas e estilos, de entre os quais mais de uma dúzia de vinhos da Região dos Vinhos Verdes. Os alvarinhos são os mais pedidos, mas Pedro refere um avesso de que gosta bastante.

Churrasqueira Dom Pedro
Rua Álvaro de Campos, 1, Loja 1, Ramada (Odivelas)
Tel.: 219342833
Das 12h30 às 15h e das 19h às 22h
Encerra ao domingo e à segunda
Preço médio: 35 euros


Este artigo foi publicado na edição n.º 14 da revista Singular.
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