Daniel Bessa acreditava mais na tese do défice se Centeno não fosse pré-candidato à Presidência

Temos hoje connosco no P24 o professor Daniel Bessa.

O alerta foi apenas um alerta, mas tocou num nervo sensível da actualidade política e da preocupação dos cidadãos: Portugal arrisca-se a regressar aos défices das contas públicas, avisou o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno. O ministro das Finanças, que aqui ouvimos, de Luís Montenegro ou o Presidente desvalorizaram a previsão. Contra a opinião do governador têm as previsões da OCDE, do FMI e até do próprio Banco de Portugal, que, ainda assim, não inclui até agora nas suas contas o aumento da despesa inscrito no Orçamento do próximo ano.

Para agravar as percepções e as angústias, os jornais têm noticiado uma vaga de falências de empresas nos últimos dias. Há sinais de abrandamento ou até derrapagem em indústrias como a do calçado, dos têxteis e vestuário ou dos componentes para automóveis, que, por si só, representa quase 15% do produto nacional bruto.

Afinal, o que está a acontecer? O país que até agora aparecia orgulhoso com as suas contas certas, o país que se destaca no mundo pela extraordinária redução da sua dívida pública, das famílias e empresas, o país que cresce acima da média europeia está a regressar à aflição dos velhos tempos? Não, calma, não estamos com um pé no fim do mundo e há vários analistas e organizações internacionais a afirmá-lo. Estamos, sim, de resto, como sempre, num momento de incerteza onde tudo o que corre bem pode correr mal de um dia para o outro.

Para já, se a Alemanha e a França apertam o cinto e travam as exportações nacionais, a Espanha, o nosso principal comprador de bens e serviços, continua a registar o crescimento mais elevado entre as economias avançadas. A folga nas contas do Estado ou a situação financeira das empresas estão bem e recomendam-se. E, como notava o Banco de Portugal no seu mais recente boletim, a produtividade cresce também por causa da melhor qualificação dos portugueses e do perfil de especialização da economia em produtos com mais tecnologia e valor acrescentado.

Para nos explicar a sua opinião entre o deve e o haver da conjuntura, temos hoje connosco o professor Daniel Bessa. Ex-ministro, académico, consultor de empresas com uma forte ligação ao país real, Daniel Bessa é um dos mais respeitados economistas do país.


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