Resposta do novo primeiro-ministro francês ao ciclone Chido causa polémica em França

François Bayrou criticado por ter ido à reunião da Câmara Municipal de Pau, cidade de que é presidente e cargo que pretende manter simultaneamente com a liderança do Governo.

Foto
Bayrou criticado por ter ido à reunião de Câmara de Pau, cidade que preside Sarah Meyssonnier / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:57

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A resposta do novo primeiro-ministro francês, François Bayrou, à crise do ciclone Chido está a ser alvo de críticas da oposição e de elementos ligados ao campo do centro macronista, a que o chefe do Governo pertence.

Em causa está o facto de Bayrou, que é simultaneamente primeiro-ministro e presidente da Câmara de Pau, cidade nos Pirenéus franceses, ter presidido à reunião da câmara da cidade numa altura em que a ilha francesa de Mayotte, no Índico, vive o rescaldo da passagem do ciclone, que terá causado cerca de 22 mortos e inúmeros desaparecidos, segundo o chefe do executivo.

Olivier Faure, dirigente do Partido Socialista, disse à France 2 que a prioridade do primeiro-ministro “não está em Pau”. “A prioridade é em Mayotte”, acrescentou. Já Mathilde Panot, líder parlamentar do partido de esquerda França Insubmissa, criticou o primeiro-ministro no Parlamento. “Senhor Bayrou, a catástrofe em Mayotte não é natural, é política. Neste contexto, não deveria ter ido a Pau para manter o seu mandato. O desprezo sente-se ainda mais intensamente quando há sofrimento”, referiu a deputada, que relembrou o “subinvestimento crónico” na ilha.

“Estive presente na reunião de crise com o Presidente da República, estive presente do primeiro ao último minuto. Limitei-me a participar por vídeo, tal como o ministro do Interior”, justificou Bayrou, questionado por deputados na Assembleia Nacional.

Mas as críticas ao primeiro-ministro não vieram só dos campos da oposição. A presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, numa entrevista à televisão France Info, disse que “teria preferido que, em vez de voar para Pau, o primeiro-ministro tivesse voado para Mamoudzou”, principal cidade da ilha de Mayotte.

“Em circunstâncias como estas, é necessário estar 100% concentrado na gestão da crise”, declarou ainda Braun-Pivet.

Na reunião de segunda-feira, o presidente da Câmara de Pau defendeu a sua manutenção no cargo, referindo que as incompatibilidades entre funções “nacionais e locais” se restringem aos “parlamentares” e não se aplicam aos membros do Governo. Dentro da reunião, houve quem pedisse ao presidente para sair e ir para Mayotte, considerada a principal prioridade.

“O que está a fazer aqui, sr. Bayrou? Isto é um erro político. O seu primeiro dever, senhor primeiro-ministro, é meter-se num avião e ir a Mayotte. Nem que seja apenas simbolicamente”, afirmou o conselheiro municipal da esquerda, Tunday Cilgi.

Macron vai a Mayotte na quinta

O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai visitar a ilha de Mayotte nesta quinta-feira, anunciou entretanto o gabinete presidencial. “Os nossos compatriotas estão a viver o pior a alguns milhares de quilómetros de distância”, disse Macron, referindo que iria visitar a ilha do arquipélago das Comores que é parte de França.

Na segunda-feira, Macron tinha já afirmado a sua vontade de visitar Mayotte nos próximos dias. [O objectivo é dar] apoio aos nossos concidadãos, funcionários públicos e forças de socorro mobilizadas.” “Trata-se de lidar com situações de emergência e começar a preparar-nos para o futuro”, disse ainda.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários