IP adia para Fevereiro reabertura da Linha do Oeste
Troço entre Torres Vedras e Meleças fechou em Abril com a garantia de que reabriria em Agosto. Em Janeiro reabre entre Torres Vedras e Malveira e em Fevereiro será a vez de Malveira-Meleças.
O que era para durar quatro meses deverá durar dez. O encerramento da Linha do Oeste entre Torres Vedras e Meleças deveria ter durado entre Abril e Julho, mas nesse mesmo mês a IP anunciou que o mesmo deveria ser prolongado até ao “quarto trimestre” deste ano, leia-se Dezembro. Contudo, só em 5 de Janeiro irá reabrir o troço entre Torres Vedras e Malveira, ficando a promessa de que a exploração ferroviária até Meleças “possa ocorrer durante o mês de Fevereiro”.
Se o adiamento de Julho para Dezembro se deveu a obras não previstas no túnel da Sapataria (concelho de Sobral de Monte Agraço), agora a derrapagem para Fevereiro deveu-se, segundo a IP, a “actos de vandalismo e furto de materiais, nomeadamente de sistemas de sinalização e de distribuição e alimentação eléctrica aérea, que comprometem as funções de exploração dos equipamentos de sinalização e passagens de nível” instalados ao longo do troço entre Malveira e Meleças.
Na prática, isto significa que os amigos do alheio roubaram cabos de sinalização e catenária, o que comprometeu a reabertura da linha. E não só roubaram como vandalizaram inúmeros equipamentos, o que atrasou as obras em, pelo menos, mais oito semanas.
A IP diz que “continua empenhada na execução dos trabalhos de substituição, reparação e reabilitação dos equipamentos alvo de furto e vandalismo, no sentido de voltar a garantir, com a maior brevidade possível, as adequadas condições de circulação e segurança para a reposição do serviço de transporte ferroviário de passageiros aos milhares de utilizadores da Linha do Oeste”.
A partir de 5 de Janeiro, com o prolongamento dos comboios de Torres Vedras até à Malveira, o serviço rodoviário de substituição – organizado pela CP a expensas da IP – passará a efectuar-se apenas entre Malveira e Meleças.
No entanto, a reabertura da linha não significa que esta passe a circular já com comboios eléctricos. Todo o troço intervencionado entre Torres Vedras e Meleças estará dotado com uma nova plataforma (novos carris, travessas e balastro), terá algumas passagens de nível automatizadas e outras que foram desniveladas.
Mas, para já, é tudo. A electrificação ainda não estará concluída, como o não estará a sinalização electrónica. Isto significa que vão continuar a circular na “nova linha” as mesmas automotoras a diesel (que gastam 210 litros de gasóleo aos cem) e que o sistema de exploração continuará a ser o cantonamento telefónico, totalmente dependente de meios humanos, em que os agentes da IP dão avanço aos comboios através de telefonemas entre as estações.
As obras de modernização da Linha do Oeste entre Meleças e Caldas da Rainha representam um investimento de cerca de 170 milhões de euros. O programa de investimentos Ferrovia 2020, apresentado em 2016, previa que estas decorressem entre Dezembro de 2017 e Junho de 2020, mas só em Novembro de 2020 tiveram início os trabalhos apenas entre Meleças e Torres Vedras. Seriam, contudo, interrompidos em Março de 2022, com muito pouca obra ainda feita, devido a desentendimentos com o consórcio, à época formada pela Gabriel A.S. Couto, SA/M. Couto Alves e SA/Aldesa Construcciones, AS.
Um novo fôlego ao projecto seria dado em Junho de 2022 com a consignação do troço Torres Vedras-Caldas da Rainha, que resolvia também os problemas do subtroço até Meleças. Nessa altura, o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, assegurava que as obras estariam concluídas em Abril 2024, mas um ano depois o prazo já derrapava para o “primeiro semestre de 2024”. Em Julho deste ano, a IP adiantava um novo prazo: Dezembro de 2025. Contudo, atrasos com a construção da subestação de Runa, necessária para alimentar a catenária com energia eléctrica, deverão adiar para 2026 a cabal exploração da linha com comboios eléctricos.