LxFactory tem uma nova residente italiana. Chama-se Sophia e trouxe pizzas
Com design de interiores da criadora de moda Constança Entrudo, o restaurante é a nova aposta do grupo Capricciosa, em Lisboa.
Em Lisboa, o LxFactory é uma mistura de comidas do mundo. Há mexicano, há libanês, há brasileiro, há japonês, há português e agora juntou-se o italiano. O vizinho mais recente é o Sophia Pizzoteca que traz pizzas napolitanas e um bar aberto de prosecco. “Foi o prosecco que me levou a fazê-lo”, lê-se num letreiro da vibrante decoração com assinatura da criadora de moda Constança Entrudo.
A nova aposta do grupo Capricciosa é um prolongar do Sophia, o restaurante que abriu em 2021 perto do Mercado da Ribeira, em que a anfitriã era uma avó italiana com bom gosto na comida e na decoração. Aqui, a Sophia ganha nova personalidade, “até porque podemos ser tanta coisa diferente”, explica à Fugas Ana Arié, directora geral do grupo de restauração, que salienta a “irreverência do conceito” com forma de chegar ao público diverso do LxFactory.
A irreverência vê-se desde logo nos tons néon que fazem destacar o Sophia entre a fila de restaurantes. Para isso, chamaram uma dupla de peso: o arquitecto Duarte Caldas que, por sua vez, convidou Constança Entrudo a juntar-se. O desafio foi novo para a designer que trabalha sempre a escala humana, mas a sua assinatura está bem visível a começar pelo toldo que faz o Sophia roubar protagonismo aos vizinhos. “Queria fazer uma espécie de instalação que servisse de introdução ao que está lá dentro”, começa por explicar a criadora.
A manipulação têxtil é uma das características mais vincadas da assinatura criativa de Entrudo e foi isso que trouxe para o Sophia, ao desenvolver o padrão que é mote para a decoração e toda a identidade visual do restaurante. “Comecei por fazer pesquisa em livros de receitas italianos, de onde extraí padrões”, detalha, sublinhando que o mote são as flores que fazem a ligação ao primeiro Sophia, ainda que o estampado seja diferente - encontrado no papel de parede de um restaurante de Nápoles da década de 1960. “O papel estava desgastado como se tivesse riscas. E foi esse o mote. Desenhei as flores à mão e fui trabalhando digitalmente, desconstruindo cada vez mais.”
O resultado são rosas diluídas que quase se assemelham a manchas de aguarelas e que dão vida ao papel de parede no interior, mas também à farda dos funcionários ou até à parede da casa de banho. “Muitas vezes quando estamos a vestir o corpo, não nos estamos sempre a ver. Aqui o padrão domina um espaço, estamos constantemente a olhar. Foi muito desafiante”, declara, confessando que o projecto lhe ocupou “sete meses a desenhar muitas rosas”.
O aspecto quase decadente do padrão de Constança Entrudo contrasta com a jovialidade do espaço e da carta, apenas à base de pizzas napolitanas. “Ao longo dos anos temos estudado muito sobre cozinha italiana, mas a inovação estava carta é a base de trigo barbela, mantendo os melhores ingredientes”, observa Ana Arié. E já há favoritas, como a Alessandro (15€) com tomate, mozarela, stracciatella, pistácio, mortadela e grana padano ou a mais clássica Paolo (13,5€) com tomate, mozarela, tomate amarelo, pepperoni e manjericão.
Há ainda pizzas dobradas para comer à mão - ou, como aqui lhe chamam, portafoglio. Os ingredientes são semelhantes, ainda que o formato se torne mais divertido por se assemelhar a uma sandes de pizza. Há três opções, com destaque para a Diego, que é recheada com mozarela, stracciatella, pistácio, mortadela, grana padano e rúcula. Nas entradas, encontra-se, ainda, outra versão de pizza: os já populares rotolini, que são pequenos rolos de massa de pizza, ora recheados com pepperoni, ora com gorgonzola, mel e avelã.
Mas porque não só de pizza vive o homem, há um bar aberto de prosseco (14€), que permite beber copos do vinho branco italiano enquanto quiser durante uma hora. Talvez por isso o ambiente seja tão animado, tal como antecipava Ana Arié. “É um público bastante diferente. Apesar de ter muitos turistas, percebemos que 65% das reservas têm vindo de portugueses.”
O Sophia Pizzoteca é a primeira abertura do grupo no LxFactory, mas não é a última, já que está planeado um novo conceito para 2025 no mesmo espaço. “Achamos que gastronomicamente é um espaço com potencial para evolução pelo tráfego que tem. Cada vez vai ser mais dinâmico”, prevê. E o objectivo é manter “o preço democrático” que acredita caracterizar o grupo, que detém outros espaços como o Doca de Santo, o Selllva ou Lat.a. “Queremos fazer bons conceitos, mas com a premissa de servir todos. É aquilo que nos distingue”, termina.
A Fugas jantou a convite do Sophia Pizzoteca&Bar.