Matilda Djerf, a influencer acusada de aterrorizar os funcionários

Pelo menos 11 trabalhadores acusam a fundadora da Djerf Avenue de falta de respeito no local de trabalho. A sueca pede desculpa pelo seu comportamento.

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A empresária tem sido alvo de críticas após polémica com os funcionários da Djerf Avenue Matilda Djerf/Instagram
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Nos escritórios da marca sueca Djerf Avenue, a fundadora Matilda Djerf tem uma casa de banho privativa que só ele e alguns dos seus colaboradores utilizam. Um dia, a placa com um "por favor, não usar" caiu e alguém entrou por engano. O que aconteceu a seguir, aterrorizou todos os funcionários: a pessoa foi obrigada a esfregar a sanita. Mas este não é ó único caso de terror psicológico atribuído à infuencer com mais de três milhões de seguidores no Instagram. Segundo o diário sueco Aftonbladet, há denúncias de 11 funcionários contra a fundadora da marca cujos valores prometem “um mundo cheio de gentileza, inspiração, respeito e os itens básicos de guarda-roupa perfeitos”, conform se lê no site da empresa. Matilda já veio pedir desculpa.

Segundo a investigação do Aftonbladet, Matilda Djerf foi acusada de terror psicológico, bullying e bodyshaming. A investigação do meio de comunicação sueco relatou que 11 funcionários, actuais e antigos, dizem ter sido menosprezados, insultados e alvos de gritos no local de trabalho. Pelas suas descrições, é possível dar conta do “ambiente de trabalho degradante, com repreensões públicas”, que obrigava estes trabalhadores a enfrentar o humor de Djerf e a pressão psicológica exercida, levando a ataques de choro constantes, revela o jornal.

Embora publicamente a empresa promova a inclusão, a experiência nos escritórios era alegadamente diferente. Por exemplo, houve um funcionário que relatou um episódio em que, durante uma sessão de fotografia, tiveram de refazer tudo porque, nas palavras da fundadora, a modelo parecia “gorda demais”. As críticas nas redes sociais a esta notícia não se fizeram esperar, com os seguidores da influencer, detentora de uma marca multimilionária que vende roupa e produtos de beleza para todo o mundo, a criticar o seu comportamento e alguns a anunciar o corte com a Djerf Avenue, marca que nasceu em 2019 e que, disse a fundadora ao Observador, produz em Portugal.

Matilda Djerf, que diz ter sofrido de bullying em criança, respondeu às acusações através de um comunicado em que diz levar “muito a sério” as críticas e que dá importância a um “ambiente de trabalho seguro e respeitoso”. E continua: “Se algum membro da equipa se sentiu maltratado devido às minhas acções, é algo pelo qual realmente lamento muito e peço desculpas. Nunca foi a minha intenção contribuir para um ambiente de trabalho que afectasse negativamente alguém e lamento que haja funcionários que tenham passado por tais experiências.”

No entanto, não assume todas as acções de que é acusada. “Não me reconheço em todas as alegações que foram feitas e escolho não comentar casos individuais.” Ainda assim, sublinha que assume a responsabilidade e vê o sucedido como uma “oportunidade para reflectir, desenvolver e contribuir para uma cultura melhor para todos os funcionários da Djerf Avenue”.

Por seu lado, a directora de operações da Djerf Avenue, Pernilla Bonny, disse à mesma publicação sueca que a empresa reconhece os desafios enfrentados naquele ambiente de trabalho e revela já ter tomado medidas para mudá-los, através de pesquisas mensais anónimas junto dos funcionários, de uma nova função de denúncia independente, do fortalecimento da equipa de gestão e da realização de uma avaliação independente do local de trabalho com um psicólogo externo.

Não é a primeira vez que a Djerf Avenue e a sua fundadora são notícia, lembra a The Cut que há um ano, Matilda Djerf foi acusada por pequenos criadores de ter violado os direitos de autor das suas contas, em causa, os avisos de "marca registada" que a empresa colocou nos vídeos desses designers por, alegadamente, estarem a copiar os seus produtos.

“Infelizmente, tem havido um aumento recente de sites que vendem produtos com o nosso design e impressões/obras de arte. Por isso, e para salvaguardar as nossas estampas e os designers individuais, temos uma empresa externa de propriedade intelectual a monitorizar as violações de direitos de autor”, declarou em comunicado a empresa. Então, os utilizadores das redes sociais criticaram a Djerf por assumir que foi a inventora de um determinado tipo de visual, o “estilo escandinavo”, como os seus fãs o descrevem, cita a The Cut. “Ela age como se fosse a dona do estilo, apesar de ser uma coisa que existe na Escandinávia”, lia-se noutro comentário no TikTok.

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