Trump escolhe o seu ex-chefe dos serviços secretos como enviado para missões especiais

Foi enviado especial para negociações de paz na Sérvia e Kosovo e director dos serviços secretos e vai agora ficar responsável por políticas relacionadas com a Venezuela e a Coreia do Norte.

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Richard Grenell numa conferência de imprensa na Casa Branca em 2020 LEAH MILLIS / REUTERS
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O Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse no sábado que tinha escolhido Richard Grenell, o seu ex-chefe dos serviços secretos, como enviado presidencial para missões especiais, um cargo onde provavelmente ficará responsável por políticas relacionadas com alguns adversários dos EUA, incluindo a Coreia do Norte.

"Ric vai trabalhar em alguns dos pontos em ebulição do mundo, incluindo a Venezuela e a Coreia do Norte", disse Trump na sua plataforma de comunicação social Truth, sem avançar mais detalhes sobre as funções que Grenell desempenhará.

Uma fonte da transição de Trump disse à Reuters que Grenell também se concentrará nas tensões nos Balcãs. Grenell foi embaixador de Trump na Alemanha, enviado especial presidencial para as negociações de paz na Sérvia e no Kosovo e director interino dos serviços secretos nacionais durante o mandato de Trump em 2017-2021.

Depois de ter feito campanha para Trump antes das eleições de 5 de Novembro, Grenell foi um dos principais candidatos a secretário de Estado, cargo que foi atribuído ao senador norte-americano Marco Rubio. Também foi considerado para o cargo de enviado especial para a guerra na Ucrânia, que acabou por ser atribuído ao tenente-general reformado Keith Kellogg.

Os presidentes nomeiam enviados presidenciais e especiais para se concentrarem em questões globais, crises ou esforços diplomáticos específicos. A Coreia do Norte e a Venezuela são adversários dos EUA, embora, como a Reuters noticiou, Trump considerou a possibilidade de manter conversações directas com o líder norte-coreano Kim Jong Un, na esperança de reduzir os riscos de um conflito armado.

Não é clara a reciprocidade que Kim poderá oferecer a Trump. Os norte-coreanos ignoraram quatro anos de esforços do Presidente dos EUA, Joe Biden, para iniciar conversações sem condições prévias, e Kim está encorajado por um arsenal de mísseis alargado e por uma relação muito mais estreita com a Rússia.

Durante a sua campanha presidencial, Trump, que toma posse dentro de poucas semanas, chamou ditador ao líder venezuelano Nicolas Maduro. Maduro disse que a reeleição de Trump foi "um novo começo" para as relações bilaterais. No seu primeiro mandato, Trump impôs sanções mais severas ao país sul-americano, especialmente à sua principal indústria petrolífera, levando Maduro a romper relações em 2019.

Grenell já conta algumas interacções com colaboradores de Maduro, tendo-se reunido em segredo, em 2020, com um representante do Presidente da Venezuela para tentar resolver a saída do líder venezuelano do poder, depois de a sua reeleição em 2018 ter sido considerada uma farsa pela maioria dos países ocidentais, mas não se chegou a nenhum acordo. O senador republicano americano Bill Hagerty expressou rapidamente o seu apoio a Grenell, dizendo no X que "faria um óptimo trabalho a lidar com alguns dos desafios mais difíceis do mundo".