Parlamento alemão vota moção de confiança ao Governo de Scholz para desencadear legislativas
Rejeição da moção permite dissolver o Parlamento alemão e convocar as eleições antecipadas para 23 de Fevereiro, depois da coligação governamental se ter desfeito com a saída dos liberais.
A moção de confiança apresentada pelo Governo alemão, liderado pelo chanceler Olaf Scholz, é votada esta segunda-feira no Parlamento alemão (Bundestag) e, tudo indica, será rejeitada, face ao colapso da coligação de governo que juntava o Partido Social Democrata (SPD) e os Verdes ao Partido Liberal-Democrata (FDP),
A moção, apresentada na passada quarta-feira, serve como mecanismo para oficializar o que já está acordado e consolidado. Ao demitir o ministro das Finanças e líder dos liberais, Christian Lindner, Scholz levou à saída do FDP da coligação, pondo em marcha a queda do Governo. Scholz já até acordou com os partidos e com o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, a data das eleições legislativa antecipadas: 23 de Fevereiro.
"Numa democracia, são os eleitores que determinam o rumo da política futura. Quando vão às urnas, decidem como vamos responder às grandes questões que temos pela frente", afirmou Scholz na quarta-feira. A saída dos liberais da coligação de Governo causou com que Scholz perdesse a maioria no Bundestag, tornando muito difícil a aprovação de novas leis.
No sistema político alemão, a moção de confiança é necessária para o Parlamento ser dissolvido. Segundo a Constituição alemã, o Presidente só pode dissolver o Bundestag se o Governo perder um voto de confiança, algo que Scholz deliberadamente procura para poder marcar novas eleições.
Assim, é quase certo que a maioria do Parlamento alemão, no qual o SPD tem 207 deputados do total de 733, chumbe a moção.
No entanto, segundo o Politico, pode haver um elemento a desestabilizar o previsível: o partido da direita radical Alternativa pela Alemanha (AfD). Ao Politico, o deputado da AfD Jürgen Pohl afirmou que votará a favor da moção de confiança, pois a provável vitória da União Democrata-Cristã (CDU), liderada por Friedrich Merz, em Fevereiro, pode representar um ainda maior apoio da Alemanha à Ucrânia, algo que a AfD teme que leve os alemães a entrar na guerra.
"Não quero ver o Sr. Merz numa posição de responsabilidade em circunstância alguma", disse o deputado, que deverá, no entanto, estar em minoria entre os deputados da AfD.
Nas últimas sondagens, publicadas este domingo pela estação de televisão ZDF, a AfD estava em segundo lugar com 17% das intenções de voto, atrás da CDU, destacadamente à frente com 33%, mas à frente do SPD de Scholz, em terceiro com 15%, seguidos dos Verdes com 14%.
Depois da saída dos liberais e subsequente polémica com a revelação do chamado documento do "Dia D", que mostrou que essa saída estava já planeada pelo FDP, o partido liberal vê-se agora em penúltimo na sondagem divulgada pela ZDF, com 4% das intenções de voto. Caso esta percentagem se confirme, o FDP ficará mesmo sem representação parlamentar, por não cumprir aquele que é o limite constitucional de 5% necessário para um partido poder ter representação no Bundestag.
A confirmar-se a sondagem, de fora ficaria também A Esquerda (Die Linke), o partido mais à esquerda na actual legislatura, que surge na sondagem com apenas 3% nas intenções de voto. Ao contrário da Aliança, o partido da esquerda populista anti-imigração fundado por Sahra Wagenknecht, dissidente do Die Linke, que manteria a sua representação parlamentar, dados os 5% nas intenções de voto.