Tóquio adopta semana de quatro dias para (tentar) aumentar a natalidade

Esta é uma tentativa de aumentar a natalidade. Em 2010, nasceu mais de um milhão de crianças no Japão, em 2023 esse número desceu para cerca de 727 mil.

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Ainda este ano, o governo da capital do Japão lançou uma aplicação de encontros para moradores solteiros Issei Kato / REUTERS
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A partir de Abril de 2025, os trabalhadores da administração pública de Tóquio irão trabalhar apenas quatro dias por semana. A medida é mais um dos passos para reverter as baixas taxas de natalidade do Japão nos últimos anos. O país está a caminho do 16.º ano de declínio da população.

A semana de quatro dias já existe em vários países. Em Portugal, foi feito um projecto-piloto com 21 empresas do sector privado — dessas, apenas quatro regressaram ao modelo anterior. Agora, Tóquio vai aplicar o mesmo princípio a milhares de funcionários públicos: passam a poder organizar o tempo de forma a terem quatro dias de trabalho e três de descanso. Neste caso, é uma tentativa de aumentar a natalidade. Em 2010, nasceu mais de um milhão de crianças no Japão, em 2023 esse número desceu para cerca de 727 mil.

“Continuaremos a rever o nosso estilo de trabalho de uma forma flexível, para que ninguém tenha de sacrificar a sua carreira devido a circunstâncias da vida como dar à luz e cuidar dos filhos”, disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, citada pelo Financial Times, na mais recente reunião da assembleia municipal, onde se discutiram os termos da semana de quatro dias.

Tóquio não é a primeira cidade do Japão a adoptar esta medida. Os fundadores da 4 Week Global, uma organização britânica sem fins lucrativos que faz projectos-piloto da semana de quatro dias por todo o mundo, congratularam Tóquio pela implementação, que descreveram como “extraordinária, num país que tem a reputação de não ser flexível neste domínio e que tem uma palavra (karoshi) para designar a morte por excesso de trabalho”.

As autoridades japonesas identificaram a falta de tempo como um dos factores que repelem os cidadãos de terem filhos. Pela primeira vez desde 1899, ano em que se iniciou o registo de natalidade, há probabilidade de se registarem menos de 700 mil nascimentos num ano.

O primeiro-ministro Shigeru Ishiba classificou a queda da natalidade como uma "emergência silenciosa" que tem afectado várias áreas da sociedade japonesa. Há escassez de mão-de-obra e a população está muito envelhecida, tendo o maior rácio de idosos do mundo.

A queda de natalidade tem sido mais rápida do que era previsto e há soluções inovadoras para a resolver. Ainda este ano, o governo da capital do Japão lançou uma aplicação de encontros para moradores solteiros, que obriga os utilizadores a prometerem que a estão a usar com o objectivo de encontrar alguém para casar e não para uma relação curta.

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