Agências americanas estão preocupadas com ciberespionagem chinesa

Pelo menos oito agências de telecomunicações terão sido afectadas pela campanha de ciberespionagem Salt Typhoon. Empresas em processo de reuniões para debater caso com autoridades americanas.

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Autoridades chinesas já descreveram que as alegações não passam de desinformação Manuel Roberto

Os Estados Unidos acreditam que uma suposta campanha de ciberespionagem chinesa — a Salt Typhoon (nome aplicado por especialistas da Microsoft) teve como alvo e gravou chamadas telefónicas de figuras políticas norte-americanas "muito importantes", partilhou no sábado um funcionário da Casa Branca, segundo a agência Reuters.

Os comentários de Anne Neuberger, conselheira adjunta de Segurança Nacional dos EUA para as tecnologias cibernéticas e emergentes, aos jornalistas revelaram novos pormenores da campanha. Embora seja provável que um grande número de metadados tenha sido roubado, as autoridades americanas entendem que "o objectivo da operação era mais específico". "Acreditamos que (...) o número real de chamadas que gravaram e atenderam foi realmente mais centrado em políticos de altas patentes", continuou. Neuberger não quis revelar a identidade das pessoas visadas.

As autoridades chinesas descreveram anteriormente as alegações como desinformação e afirmaram que Pequim "se opõe firmemente e combate os ciberataques e o roubo cibernético sob todas as formas".

Em Outubro, o New York Times noticiou que membros da família do Presidente eleito Donald Trump e funcionários da Administração Biden estavam entre os alvos de ataques informáticos às empresas de telecomunicações. As autoridades norte-americanas alegaram que os afectados incluíam a Verizon, a AT&T, a T-Mobile, a Lumen e outras empresas do ramo. Na semana passada, a Casa Branca partilhou que pelo menos oito empresas e infra-estruturas de telecomunicações nos EUA tinham sido afectadas e que um grande número de metadados de americanos tinha sido roubado na campanha de ciberespionagem.

As agências governamentais dos Estados Unidos combinaram uma reunião fechada com a Câmara dos Representantes (CR) para esta terça-feira, 10 de Dezembro, sobre os alegados esforços da China. O senador democrata Ron Wyden disse aos jornalistas, após o encontro da última semana, que estava a trabalhar na elaboração de um projecto de lei sobre esta questão. Outro senador do mesmo partido, Bob Casey, declarou estar "muito preocupado" com esta violação e acrescentou que o Congresso provavelmente só vai abordar o assunto no ano que vem.

Separadamente, uma subcomissão do Senado para o Comércio vai realizar uma audiência na quarta-feira sobre o caso Salt Typhoon e a forma como estas ameaças colocam em risco as redes de comunicações, e analisar quais serão as melhores práticas a adoptar.

Há uma preocupação crescente com a dimensão e o âmbito dos alegados ciberataques chineses às redes de telecomunicações dos EUA. Levantam-se questões sobre quando é que as empresas e o Governo podem garantir aos norte-americanos que o assunto está resolvido. O senador democrata Richard Blumenthal suporta este receio: "A extensão, profundidade e amplitude do hacking chinês é absolutamente alucinante — o facto de permitirmos o que aconteceu só no último ano é aterrador."