Câmara de Lisboa assegura que cinema Império não está em risco de desaparecer

Na segunda-feira, a Academia Portuguesa de Cinema instou o Governo e a Câmara de Lisboa a travar um projecto que consideram ameaçar o futuro do cinema Império.

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Está disponível online uma petição pública que exige a preservação do cinema Império
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A Câmara Municipal de Lisboa assegurou nesta terça-feira que a proposta aprovada na semana passada pelo executivo não coloca em causa a preservação cultural do cinema Império e salvaguarda "o futuro retorno à sua função primitiva". A garantia da Câmara de Lisboa, expressa numa resposta enviada à agência Lusa, surge na sequência de manifestações públicas de várias entidades no sentido de se proteger "a memória do cinema Império e de se manter o edifício como um espaço cultural da cidade.

Na segunda-feira, a Academia Portuguesa de Cinema (APC) instou o Governo e a Câmara de Lisboa a travar um projecto que consideram ameaçar o futuro do Império, arrendado desde 1998 à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). O apelo surgiu na sequência de uma proposta aprovada na quarta-feira em reunião da Câmara de Lisboa para "alterar o uso de equipamento cultural para equipamento religioso, com outras valências complementares", nomeadamente "serviços de administração, de apoio com salas de actividades para crianças e jovens, de formação e reunião".

Segundo a proposta, pretende-se ainda ampliar o edifício, "com aumento de área de construção e volumetria, alterações exteriores, de fachada, ao nível dos últimos pisos, incluindo alterações na cobertura, e ainda outras alterações e legalizações no interior do imóvel, para o adaptar ao uso proposto".

"As notícias que nos chegam da sua desclassificação de equipamento cultural para uso religioso e o início de obras que ignoram o seu valor cultural deixam antever mais uma perda irreparável para a cidade. O desaparecimento do cinema Império é uma ameaça real e alarmante, à semelhança do que já aconteceu com salas icónicas como o Monumental, Condes, Éden, Odeon, Olympia, Europa, Paris, Londres, Mundial e Quarteto, apenas para mencionar algumas", é referido na nota divulgada pela Academia Portuguesa de Cinema.

Contudo, no esclarecimento enviado à Lusa, a Câmara de Lisboa assegura que o futuro deste equipamento não está em risco e que a proposta aprovada pela autarquia visa, "essencialmente, legalizar adaptações e ampliações já realizadas no edifício", preservando alguns "símbolos identitários". "O projecto foi acompanhado e mereceu parecer favorável da DGPC-Património Cultural, IP, que impôs, no exterior, a reposição dos símbolos identitários do antigo cinema, designadamente as letras que encimavam a fachada sobre a Alameda e as duas esferas armilares que pontuavam as pilastras no mesmo alçado.

Foi ainda exigido o restauro de acabamentos interiores, pinturas murais, painel cerâmico, boca de cena (palco), cadeiras e luminárias, bem como a reversibilidade das soluções quanto à ocupação da caixa de palco, "de modo a salvaguardar o futuro retorno à sua função primitiva", refere ainda a autarquia. Actualmente, está disponível online uma petição pública que exige a preservação do cinema Império e que tinha, às 15h30 de hoje, 7122 subscritores.