A cada dia que passa, é mais certo que 2024 deverá mesmo ser o ano mais quente alguma vez registado. “Neste momento, é praticamente certo que 2024 será o ano mais quente desde que há registos e [ficará] mais do que 1,5 graus Celsius acima [da média] dos níveis pré-industriais”, anunciou o serviço de alterações climáticas (C3S) do programa europeu Copérnico nesta segunda-feira. No período de Janeiro a Novembro deste ano, a temperatura global esteve 0,72ºC acima da média dos anos de 1991 a 2020 – é o valor mais alto neste período.
“Com os dados do Copérnico deste penúltimo mês do ano, podemos agora confirmar com certeza quase absoluta que 2024 será o ano mais quente desde que há registo e o primeiro ano acima de 1,5ºC”, afirmou a directora adjunta do C3S, Samantha Burgess.
Ainda assim, sublinha, tal não significa que não se possa ainda cumprir o Acordo de Paris (que prevê que a subida da temperatura média da Terra não ultrapasse os 1,5 graus Celsius e fique bem “abaixo dos dois graus Celsius” em relação ao período pré-industrial, até ao final do século XXI). O limite de 1,5ºC acima da temperatura média dos valores de referência (entre 1850 e 1900) já tem sido ultrapassado, pontualmente, desde 2015.
Para os cientistas do Copérnico, este preocupante aumento de temperatura não significa (ainda) uma declaração de fracasso face às metas. “Isto não significa que o Acordo de Paris tenha falhado, mas significa que a acção climática ambiciosa é mais urgente do que nunca”, afirma Samantha Burgess no comunicado divulgado pelo serviço do Copérnico. Em suma, o Acordo de Paris refere-se ao aumento da temperatura ao longo de vários anos e não na ultrapassagem de 1,5ºC num ano isolado.
O relatório indica ainda que o mês de Novembro de 2024 foi o segundo Novembro mais quente desde que há registos (seguindo-se ao de 2023), com uma temperatura média do ar à superfície de 14,10ºC: ficou 0,73ºC acima da média de Novembro entre os anos de 1991 e 2020 e 1,62ºC acima dos níveis pré-industriais.
Este foi também o 16.º mês num período de 17 meses em que a média global da temperatura do ar à superfície ficou mais de 1,5ºC acima da temperatura média existente antes da Revolução Industrial. Estas informações são obtidas a partir da base de dados ERA5, usada pelo programa Copérnico.
Já no início de Novembro os responsáveis pelo programa europeu de monitorização do clima tinham alertado para que era praticamente certo que 2024 seria o ano mais quente desde que há registos. “A anomalia da temperatura média para o resto de 2024 teria de cair para quase zero para que 2024 não fosse o ano mais quente”, descrevia, à data, o comunicado do C3S.