Ordem quer conhecer razões dos jovens médicos que não escolheram especialidade para definir plano

Ficaram por ocupar 307 vagas. Bastonário quer reunião urgente com ministra para “preparar um plano para a revisão do sistema de formação e acesso às especialidades médicas”.

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Medicina geral e familiar foi das especialidades mais afectadas Daniel Rocha (arquivo)
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A Ordem dos Médicos (OM) vai convocar para uma reunião todos os médicos que optaram por não ingressar no concurso para o internato médico para identificar as suas razões e preparar um plano para entregar à tutela.

Segundo o comunicado divulgado este sábado, a OM vai organizar uma reunião, que deverá ocorrer na próxima semana, com a presença do bastonário Carlos Cortes para "identificar as principais razões que levaram estes médicos a não prosseguir com a sua especialização no Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

A OM já enviou a todos os médicos um questionário para compreender as causas desta decisão e pretende ainda preparar um plano que será entregue ao Governo para "evitar que tantas vagas fiquem por preencher", segundo o bastonário, citado no comunicado.

"Queremos perceber o que está a falhar no sistema e quais as motivações que levaram estes médicos a não escolherem uma especialização. O país e o SNS precisam de mais médicos especialistas" acrescentou o bastonário.

A Ordem dos Médicos informou que solicitará depois do encontro com os médicos uma "reunião com carácter de urgência" à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, para "discutir propostas e preparar um plano para a revisão do sistema de formação e acesso às especialidades médicas".

A OM recordou ainda que no último concurso para o Internato Médicos ficaram por ocupar 307 de 2167 vagas para formar novos médicos especialistas em áreas como Medicina Geral e Familiar, Medicina Interna, Patologia Clínica ou Saúde Pública, num total de 12 especialidades.

Do total das vagas por preencher, 137 são em Lisboa e Vale do Tejo e 71 na região Centro. O Alentejo ficou com mais de 50% das vagas por preencher, segundo a mesma fonte, que citou a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) sobre os 2349 candidatos que reuniam condições para ingressar no concurso para a formação especializada, mas apenas 1860 o fizeram. No ano anterior, tinham ficado por preencher cerca de 400 vagas.

As razões para este aparente desinteresse dos jovens médicos não suscitam grandes dúvidas a Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), que, num comunicado emitido na semana passada, considerava que esta opção por não fazer um contrato com o SNS acontece porque "porque há um excesso de trabalho e condições desadequadas e nada tem sido feito para existir um contraponto" aos jovens médicos, que, por isso, optam por "fazer a especialidade no estrangeiro ou trabalhar em prestações de serviço, no serviço público ou no privado, como médicos sem especialidade".