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Beia Carvalho: a futurista que cultiva mentes para transformar o futuro
Com humor e provocação, a futurista brasileira Beia Carvalho inspira empresas e indivíduos a repensar velhas certezas, abraçar a diversidade e enxergar as periferias como berços de inovação.
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Beia Carvalho, conhecida como "cultivadora de mentes", é uma futurista que desafia empresas e indivíduos a pensarem além do óbvio. Para ela, o futuro é um campo fértil que exige coragem para plantar novas ideias e desapegar de velhas certezas. Em suas palestras, ela provoca reflexões sobre o ritmo acelerado das mudanças e a necessidade de adaptação constante. “O mundo mudou absurdamente, mas as pessoas ainda pensam e tomam decisões com a cabeça do século 20”, afirma.
O trabalho de uma futurista, segundo Beia, vai muito além de explorar tecnologias ou prever tendências. “Meu foco é inspirar as pessoas a criar um futuro abundante. Isso começa por entender que as mudanças não são mais lineares, mas exponenciais, exigindo que todos desaprendam e reaprendam constantemente”, explica. Ela desafia seu público a dedicar pelo menos 1% do tempo para pensar no futuro e tomar decisões com base nas possibilidades, e não nas limitações.
Beia também acredita que a inovação nasce fora da bolha. "Se você só convive com seus iguais, está preso a um ciclo de ideias repetidas. A verdadeira inovação surge quando você abraça a diversidade, seja ela de idade, seja de raça, crença ou perspectiva”, ressalta. Para ilustrar, ela aponta o Vale do Silício, um dos maiores polos de inovação do mundo, como exemplo de um ecossistema diverso e colaborativo.
A futurista argumenta que a diversidade não é apenas sobre inclusão, mas também sobre eficácia. “Uma equipe diversa que realmente colabora pula etapas e age com mais rapidez. Contratar pessoas diferentes não é apenas um ato socialmente responsável; é essencial para a sobrevivência e o sucesso de qualquer organização”, afirma.
Outra provocação de Beia é o convite a olhar para as margens. Segundo ela, as periferias, sejam urbanas ou globais, são o berço de muitas inovações. "Na periferia é onde o poder opressor é questionado e as revoluções nascem. A África, por exemplo, está liderando em avanços tecnológicos, porque pulou etapas e já abraçou o futuro", diz. Ela também acredita que, no nível individual, explorar novos ambientes e sair da zona de conforto são passos essenciais para a transformação pessoal.
Mentalidade minimalista
Beia destaca ainda a importância de entender as mudanças geracionais. Para ela, as gerações mais jovens, especialmente a Z, possuem uma mentalidade diferente, moldada pela urgência de resolver questões como mudanças climáticas e desigualdades sociais. “Em vez de criticar, precisamos aprender com essas novas gerações, que são mais ativistas e resilientes do que nunca”, afirma.
A futurista também critica o consumismo excessivo como um dos maiores entraves à transformação. "O consumo desenfreado nos aprisiona. Quando nos libertamos disso, ganhamos mais espaço para criar, para pensar no que realmente importa e para nos conectar de maneira mais autêntica com o mundo”, reflete. Essa mentalidade minimalista, segundo Beia, pode ser um catalisador poderoso para mudanças pessoais e coletivas.
Em suas palestras, que ela categoriza como inspiradoras, e não motivadoras, Beia busca instigar reflexões de longo prazo. “Meu objetivo não é apenas que as pessoas saiam energizadas de um evento, mas que levem algo para a vida, algo que as transforme. Como eu gosto de dizer, meu trabalho é cultivar mentes, preparar terrenos férteis para que ideias fortes e inovadoras possam nascer”, conclui.