Público Brasil Histórias e notícias para a comunidade brasileira que vive ou quer viver em Portugal.
Bancos emprestaram 815 milhões de euros para brasileiros comprarem casa em Portugal
Dados do Banco de Portugal revelam que, de 2022 para 2023, o total de empréstimos imobiliários contratados por brasileiros cresceu 15%. Financiamentos foram maiores entre mulheres e no Norte do país.
Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.
Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.
O total de crédito imobiliário contratado por brasileiros que vivem em Portugal, em 2023, atingiu 814 milhões de euros (R$ 5,2 bilhões). Segundo cálculos a partir dos dados da Caracterização sociodemográfica das pessoas que contraíram crédito em 2023, elaborada pelo Banco de Portugal (BP), essa quantia representa 3,25% dos financiamentos totais à habitação concedidos pelos bancos em território luso e 27,82% do valor emprestado a estrangeiros no país para a compra de casas e apartamentos.
Os créditos liberados a brasileiros em 2023 registraram aumento de 15% em relação aos 708 milhões de euros (R$ 4,5 bilhões) em empréstimos contratados no ano anterior, quando os cidadãos oriundos do Brasil foram responsáveis por 2,52% do total das operações no segmento.
Quando considerados apenas os empréstimos tomados por estrangeiros em 2023, os brasileiros lideraram com folga. A participação de 27,82% do montante total representou quase o triplo da segunda nacionalidade, os britânicos, com 9,48% dos financiamentos. Em terceiro lugar, vêm os cidadãos dos Estados Unidos, com 6,15%.
Em relação ao número de estrangeiros que compraram casas no país, a liderança dos brasileiros é ainda maior. Os dados do Banco de Portugal indicam que são 36,11% do total, quase seis vezes a segunda nacionalidade, os angolanos (6,21%). Segundo o cálculo a partir dos dados do relatório, 52.240 empréstimos foram contraídos por brasileiros para a compra de imóveis.
Mais mulheres
Na análise demográfica, observa-se que mais brasileiras recorreram a empréstimos imobiliários em Portugal do que brasileiros. Elas representaram 55% do total, contra 45% de homens. Em relação às idades, 44,35% têm entre 31 e 40 anos; 29%, entre 41 e 50 anos; 16%, entre 18 e 30 anos; 9%, entre 51 e 60 anos; e 1%, acima de 60 anos. Na divisão por escolaridade, 57% têm ensino superior completo; 35%, segundo grau; 2% não concluíram o segundo grau e não há informações sobre outros 6%.
A situação profissional dos que contrataram crédito revela que 64% são trabalhadores contratados; 10%, autônomos; 2%, aposentados; 12% têm outras situações e não há informação disponível sobre os demais 12% do total.
Geograficamente, a predominância dos empréstimos para a compra da casa própria está no Norte de Portugal, com 31,6% do montante total. Em seguida vem Lisboa, com 29,3%; Centro do país, com 12,1%; e região de Setúbal, com 9,7%.
Tendência de crescimento
Para o professor de economia José Marques da Silva, os dados indicam uma tendência na sociedade portuguesa. “Esses números mostram o peso cada vez maior dos brasileiros na sociedade portuguesa. Ao contrário dos ingleses, por exemplo, com maior concentração no Algarve, os brasileiros estão em todo o território nacional”, afirma.
Ele acredita que a tendência de crescimento no volume de financiamentos vai se manter. “Faz sentido os bancos terem atenção ao potencial de mercado entre os cidadãos brasileiros. Acredito que, nos próximos quatro a cinco anos, o valor de empréstimos imobiliários para brasileiros vai duplicar. Pode atingir entre 1,3 bilhão e 2 bilhões de euros (1,3 mil milhões e 2 mil milhões ou R$ 8,2 bilhões e R$ 12,6 bilhões)”, avalia.