PJ desmantela um dos maiores laboratórios de droga da Europa.
PJ desmantelou um dos maiores laboratórios de droga da Europa. Funcionava na zona oeste e é o maior do país. Sete homens foram detidos e quase 1500kg de cocaína foram apreendidos.
A Polícia Judiciária (PJ) desmantelou um dos maiores laboratórios de droga da Europa, que funcionava na zona oeste em Portugal, onde terá sido extraída cocaína que terá chegado a Portugal impregnada em café moído. Sete homens foram detidos no âmbito na Operação Pacoba, revelada esta quinta-feira, 5 de Dezembro, pela PJ. As duas fases da operação, uma em Maio e outro esta semana, resultaram ainda na apreensão de cerca de 1500 quilos de cocaína, armas de fogo, dinheiro e várias viaturas. O grupo criminoso por trás da rede, “altamente organizado” e dedicado “à introdução de grandes quantidades de cocaína no continente europeu”, foi desmantelado.
Em causa está uma rede de tráfico de estupefacientes em larga escala que dirigia o maior laboratório industrial de extracção, transformação e empacotamento de cocaína detectado em Portugal. É também um dos maiores a nível europeu. Numa conferência de imprensa, Artur Vaz, director da Unidade Nacional de Combate ao Trafico de Estupefacientes da PJ, revelou que as instalações ficavam a cerca de 50 quilómetros de Lisboa, recusando revelar o local específico onde funcionavam. "Face às quantidades envolvidas e tendo em conta a realidade nacional, tudo aponta para que (a droga) iria para outros mercados europeus" e não para consumo exclusivo nacional, explicou Artur Vaz.
Quatro dos sete suspeitos detidos têm nacionalidade portuguesa, dois são colombianos e um é marroquino. Têm entre 29 e 56 anos. Alguns "já estavam referenciados" pelas autoridades, acrescentou o director da PJ. Os colombianos eram os químicos desta rede de tráfico, tendo um deles antecedentes criminais por este tipo de ilícitos na Colombia. Os suspeitos, que foram detidos na terça-feira, estão a ser ouvidos no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, onde um juiz lhes deverá aplicar as medidas de coacção.
A investigação surgiu depois de uma troca de informações com as autoridades policiais e judiciárias da Colômbia (Polícia Nacional), Espanha (Polícia Nacional) e de três forças norte-americanas: Drug Enforcement Administration (DEA), Homeland Security Investigations (HSI) e Customs and Border Protection (CBP).
Em Maio, na primeira fase da operação, a PJ já tinha apreendido um total de 986 quilos de cocaína — mais especificamente de cloridrato de cocaína, o pó branco que habitualmente se vê nos filmes — , transportados num contentor marítimo proveniente da Colômbia que entrou no país pelo Porto de Setúbal. A droga vinha dissimulada no fundo das caixas de cartão onde se transportava um total de 20 toneladas de bananas. Na altura não foi feita qualquer detenção, o que ocorreu esta semana.
Foram emitidos 20 mandados de busca domiciliária e não domiciliária, bem como de quatro mandados de detenção — todos cumpridos esta terça-feira, 3 de Dezembro. Num dos armazéns que foi alvo de buscas foi descoberto um laboratório industrial com cerca de 460 quilos de cocaína já processada e 32,5 quilos em processo de transformação. Três homens foram detidos em flagrante delito e as autoridades também apreenderam duas armas de fogo, uma prensa, equipamento laboratorial, milhares de litros de produtos químicos e uma elevada quantidade de dinheiro em numerário, descreveu a PJ em comunicado.
No total, e além dos sete detidos, a Operação Pacoba resultou na “apreensão de 1478,5 quilos de cocaína, três armas de fogo, elevadas quantidades de dinheiro, várias viaturas ligeiras e pesadas e no desmantelamento do referido laboratório”, prossegue o documento, que adianta ainda que a investigação ainda prossegue.
O inquérito, que foi aberto há cerca de um ano, está a ser dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal. A PJ não consegue precisar há quanto tempo o laboratório estava a funcionar, mas vários indícios apontam para uma janela temporal de vários meses. Com Mariana Oliveira