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Prefeito de Lisboa diz que está aberto a carnaval de rua, mas “dentro das regras”
Desde agosto, há um impasse entre a Câmara Municipal e a União dos Blocos. A prefeitura decidiu não dar apoio à tradicional folia brasileira. Faltam espaços para ensaios e verbas.
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Aproveitando a cerimônia de assinatura do acordo para a cessão, pela Câmara Municipal de Lisboa, do prédio em que funcionará a Casa Brasil, o embaixador brasileiro em Portugal, Raimundo Carreiro, apresentou, em seu discurso, uma reivindicação dos foliões: que houvesse apoio da cidade ao carnaval de rua.
Ao falar sobre o fortalecimento das relações entre Portugal e Brasil, Carreiro defendeu que estas devem incluir não apenas o lado diplomático e econômico, mas, também, a cultura. “Na parte cultural, os blocos de carnaval, que atuam aqui em Lisboa, todos os anos têm dificuldade na organização, porque não há uma definição se são um movimento cultural, comercial ou artístico”, afirmou.
Segundo Carreiro, há um trabalho por parte dos representantes do Brasil para encontrar uma forma de resolver o problema, para que os blocos possam ter o apoio necessário. “Nós estamos trabalhando para apresentar à Câmara Municipal uma proposta de reconhecimento dos blocos de Carnaval como movimento cultural, assim como acontece no Brasil”, disse.
Questionado pelos jornalistas sobre o tema, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, disse estar aberto às sugestões. “Nós, como cidade multicultural que somos, estamos sempre abertos a isso, aliás, temos sempre apoiado todos os eventos, dentro das regras da cidade”, respondeu.
Moedas explicou que as regras dizem respeito aos serviços da prefeitura, às instalações e à segurança. Mas mostrou abertura para ter o carnaval: “Qualquer evento ligado à comunidade brasileira, temos o maior gosto de receber as propostas e trabalhar com todos aqueles que querem estar em Lisboa”, assegurou.
Sem espaço nem apoio
Desde 2023, os blocos vêm enfrentando dificuldades para organizar o carnaval de rua em Lisboa. No ano passado, formaram a União dos Blocos, para tentar chegar a um acordo com as autoridades municipais. Além do reconhecimento como movimento cultural, reivindicam um espaço para ensaios e verbas de apoio. Para os blocos, o pedido de suporte financeiro faz sentido, uma vez que o carnaval funciona como atração para o turismo na cidade.
Em novembro, as negociações chegaram a um impasse, colocando em risco o carnaval de 2025. A Câmara Municipal de Lisboa decidiu não apoiar financeiramente os blocos de carnaval. Entre as propostas rejeitadas estava o uso de um prédio pertencente à prefeitura para a promoção de eventos, mas os blocos teriam de pagar uma licença de 3.500 euros (R$ 22 mil), o que se revelou impraticável. Enquanto Lisboa rejeita dar suporte à iniciativa, outras cidades, como Sesimbra, apoiam a folia.