Marcelo recorda coabitação com Costa: “Éramos felizes e não sabíamos”

O Presidente da República lembrou o período que partilhou com António Costa, no lançamento da 6ª edição do PSuperior, para contrapor aos novos ciclos políticos, simbolizados pela vitória de Trump.

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Marcelo Rebelo de Sousa esteve presente na conferência de lançamento da 6ª edição do PSuperior Rui Gaudêncio
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Numa intervenção sobre populismos e os desafios que as democracias enfrentam perante a ascensão dos radicalismos, o Presidente da República lembrou positivamente o período em que coabitou com António Costa à frente dos destinos do país. “Dizia muitas vezes a um governante com o qual partilhei quase oito anos e meio de experiência inesquecível: um dia reconhecerá que éramos felizes e não sabíamos”, confidenciou.

A meio do discurso, na conferência de lançamento da 6.ª edição do PSuperior (uma iniciativa do PÚBLICO para o ensino superior), Marcelo Rebelo de Sousa lembrou a chegada de novos ciclos políticos, económicos, sociais e comunicacionais que interferem com os “poderes clássicos”, como referiu. “Era tudo relativo, era uma felicidade relativa, mas, comparado com o que vinha aí, era uma felicidade”, comparou o Presidente da República na sessão desta quarta-feira, dedicada à literacia mediática.

António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa partilharam o palco da política portuguesa durante oito anos, até à demissão do antigo primeiro-ministro em Novembro do ano passado. António Costa assumiu, na semana passada, a presidência do Conselho Europeu.

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou o discurso para deixar alguns recados aos líderes partidários, alicerçando-se nas mudanças decorrentes da eleição de Donald Trump. “Os primeiros partidos populistas surgiram, tiveram sucesso imediato e depois desapareceram. Até que nos Estados Unidos, com uma vitória presidencial em 2016 [de Donald Trump], começou para durar, independentemente do protagonista”, defendeu, afirmando que esta é uma corrente que se manterá e que já chegou ao continente europeu.

“Em 2020, acreditou-se que ia haver um momento para respirar e recuperar. Não era recuperável. Pelo contrário, aprofundou-se”, notou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa alertou ainda para a necessidade de haver reajustes de políticos e de instituições, para que “as democracias não apenas sobrevivam”, mas que também “consigam gerar dentro de si um clima de reforma permanente”, alavancando a necessidade de se continuar a reflectir sobre as mudanças em curso nos discursos populistas e radicais, mas também sobre a forma como isso pode ser confrontado e antecipado. Algo que, segundo o diagnóstico do Presidente da República, não foi conseguido até agora.

“Quer os poderes clássicos, quer os meios de comunicação social clássicos, primeiro não compreendem a tempo [quando há mudanças]. Quando compreendem, não sabem como reagir. Quando tentam reagir, já é uma reacção, não é uma antecipação”, lamentou Marcelo Rebelo de Sousa.

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