À descoberta do teatro musical “com pessoas de carne e osso” em Lisboa
Os espetáculos com pessoas de carne e osso, com Shreks e Fionas mesmo ali à mão, têm o condão de nos envolver de uma maneira muito especial.
Querida Mãe,
Uma das coisas mais espetaculares que nos acontece quando estudamos teatro musical, como é o meu caso, é ficarmos mais consciente de todos os teatros/musicais que estão em cena e que, por vezes, nem sequer chegam ao conhecimento do grande público. Produções absolutamente extraordinárias e que valem mesmo a pena o dinheiro e o tempo, porque nos deixam mais envolvidos no mundo, mais alerta, mais inspirados para o resto da semana! Sensação que nem sempre nos provoca um filme, mesmo que seja no cinema, por isso, e apesar da preguiça total de ir a Lisboa (mãe, estou cada vez mais saloia!) recomendo mesmo muito estes três programas:
#1 A Pequena Loja dos Horrores: a adaptação portuguesa do musical da Broadway Little Shop of Horrors é uma comédia musical encenada pelo enorme Pedro Ribeiro, com direção musical de Pedro Alvadia e um elenco incrível! De sexta a domingo no auditório Santa Joana Princesa, em Lisboa. (6/7 anos para cima já dá!)
#2 A adaptação portuguesa do musical Evan Hansen (podem ver o filme na Netflix) no Teatro Maria Matos: conta uma história sobre adolescência, ansiedade, suicídio mas, sobretudo, amor. Encenado por Rui Melo, com direção musical de Artur Guimarães. Não é para crianças, mas é óptimo para adolescentes e adultos, até como ponto de partida para muitas conversas.
#3 Shrek. Baseado no filme Shrek este musical, em português, vale mesmo a pena! Está no Centro Cultural da Mala-Posta (Sala Ruy de Carvalho) até 30 de Dezembro. Encenado por Paulo Sousa Costa e Luís Pacheco, e com direção musical de Carolina Puntel, este Shrek vale pelo espetáculo em si e pelo prazer de ouvirmos os nossos filhos a rir à gargalhada!
Tem sugestões?
Beijinhos!
Querida Ana,
Os espetáculos com pessoas de carne e osso, com Shreks e Fionas mesmo ali à mão, têm o condão de nos envolver de uma maneira muito especial. Como dizes, não é só pelo que se passa no palco, mas também pela ligação que criamos com as outras pessoas que estão na sala a assistir, e que não acontece no cinema.
Vou esforçar-me por vencer a preguiça de sair de casa ao fim-de-semana, por vencer a opção fácil do sofá e das séries na televisão, porque sei que embora me custe arrancar depois a expedição, ainda para mais com netos, é largamente compensadora.
Dito isto, faço já a proposta de que produzas um musical para casa dos avós no dia de Natal — produzir uma peça de teatro, montar o palco e as cortinas, desenhar e vender os bilhetes, era das coisas mais divertidas que nós fazíamos em miúdos, que vocês replicaram e que os netos já fizeram várias vezes. Enche-te de paciência e dá-me um espetáculo de presente de Natal. Fico à espera.
O Birras de Mãe, uma avó/mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, começaram a escrever-se diariamente, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. E, passado o confinamento, perceberam que não queriam perder este canal de comunicação, na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam. As autoras escrevem segundo o Acordo Ortográfico de 1990.