Tribunal do Vietname condena à morte empresária por alegada fraude

Truong My Lan foi detida durante campanha anti-suborno - a “Fornalha Ardente”. Se conseguir devolver parte do dinheiro, sentença pode ser comutada por prisão perpétua.

Foto
Truong My Lan no julgamento no Supremo Tribunal Popular de Ho Chi Minh, esta terça-feira. STRINGER / EPA
Ouça este artigo
00:00
02:21

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Um tribunal do Vietname manteve, esta terça-feira, a sentença de morte para a magnata imobiliária Truong My Lan, depois de rejeitar o seu recurso contra a condenação por desvio de fundos e suborno num caso de fraude de 12 mil milhões de dólares, informaram os meios estatais. A presidente do grupo de promoção imobiliária Van Thinh Phat Holdings foi condenada à morte em Abril pelo seu papel no que foi o maior caso de fraude financeira de que há registo no Vietname.

Segundo o jornal digital VnExpress, o Supremo Tribunal Popular do Sul da cidade de Ho Chi Minh determinou que não havia base para reduzir a sentença de morte de Lan. Se a magnata conseguir devolver três quartos do dinheiro desviado enquanto estiver no corredor da morte, é possível que a sentença seja comutada por prisão perpétua, segundo o relatório.

É uma das mais famosas empresárias e funcionárias públicas detidas durante a longa campanha anti-suborno do país comunista, conhecida como Fornalha Ardente. As consequências que Lan causou "não têm precedentes na história dos litígios e o montante do dinheiro desviado é sem precedentes e irrecuperável", afirmou o Ministério Público na audiência de recurso, segundo o jornal estatal VietnamNet. "As acções da arguida afectaram muitos aspectos da sociedade, do mercado financeiro e da economia", acrescentou.

Os meios de comunicação social estatais citaram o advogado de Lan, ao declarar que a magnata tinha muitas circunstâncias atenuantes, incluindo "ter admitido a culpa, mostrar remorsos e devolver parte do dinheiro desviado", mas os procuradores entenderam que isso era insuficiente.

A agência Reuters não conseguiu contactar de imediato os advogados de Lan para comentar o assunto. A empresária continua a ter o direito de solicitar um reexame no âmbito dos procedimentos penais administrarivos ou de novo julgamento do Vietname. A detenção de Lan em 2022 provocou uma corrida a um dos maiores bancos privados do país em termos de depósitos, o Saigon Joint Stock Commercial Bank (SCB), que estava no centro da fraude e era, em grande parte, propriedade da empresária, através dos seus representantes.

Os documentos analisados pela Reuters revelaram que o banco central do Vietname tinha injectado 24 mil milhões de dólares em "empréstimos especiais" no SCB em Abril, num resgate "sem precedentes". Além da pena de morte, Lan foi condenada a prisão perpétua num outro julgamento, em Outubro, depois de ter sido considerada culpada de obtenção de bens através de fraude, branqueamento de capitais e transferências transfronteiriças ilegais de capital.