Sociais-democratas vencem na Roménia apesar de crescimento da extrema-direita
Partido que liderava o Governo voltou a ganhar. Extrema-direita em segundo lugar, com surgimento de mais dois partidos nacionalistas que ganharam força.
O Partido Social-Democrata (PSD) da Roménia venceu as eleições legislativas realizadas no domingo. Com 99,92 % dos votos contados, o PSD, que liderava o Governo, obteve 22,04% dos votos para a Câmara dos Deputados, mas as eleições ficaram marcadas pelo crescimento da extrema-direita, especialmente da Aliança para a União dos Romenos (AUR), que ficou em segundo lugar com 17,98%.
Mas nem só da AUR se fez o crescimento da extrema-direita na Roménia. Dois outros partidos, o SOS Roménia e o Partido dos Jovens (POT), ligados a posições nacionalistas e da direita populista e radical, irromperam nestas legislativas e, juntos, tiveram cerca de 14,03% dos votos.
A votação na Roménia surgiu no rescaldo das eleições presidenciais da semana anterior, em que um candidato independente da extrema-direita, Calin Georgescu, venceu a primeira volta, tendo havido acusações de interferência russa nas eleições e uma recontagem ordenada pelo Tribunal Constitucional.
O líder do PSD, primeiro-ministro e candidato derrotado nas presidenciais de domingo passado, Marcel Ciolacu, declarou vitória nas legislativas aquando da divulgação das sondagens à boca das urnas, que deram uma vitória ao seu partido.
No entanto, Ciolacu reconheceu que as eleições representam um “sinal importante” dado pelos romenos: “Basicamente, temos de continuar a desenvolver o país com dinheiro europeu, mas ao mesmo tempo temos de proteger a nossa identidade, os nossos valores nacionais e a nossa fé”, resumiu o primeiro-ministro no discurso de vitória.
Já George Simion, da AUR, num discurso acusatório, afirmou que os eleitores romenos tinham escolhido “soberania, dignidade e justiça”, acusando os restantes partidos de quererem “manipular” as eleições contra a AUR ao marcar sufrágios em domingos consecutivos.
“Família, nação, fé, tradição, liberdade. Já não aceitamos que a nossa história seja silenciada ou que as escolas se tornem locais de doutrinação”, disse Simion, acrescentando que os romenos votaram pela “paz” na Europa e “na região”.
Perante um sistema fracturado, o mais provável é a formação de uma coligação entre os partidos europeístas, do centro-direita ao centro-esquerda, segundo disse à Reuters o comentador político Radu Magdin.
Antes destas eleições, o PSD e o Partido Nacional Liberal (PNL, de centro-direita) formavam a coligação do Governo, deixando de fora o partido ligado ao centro liberal, União para Salvar a Roménia.
“Queremos uma coligação que continue o caminho europeu da Roménia”, afirmou o vice-presidente do PSD, Victor Negrescu, que acrescentou que esperava que “os partidos democráticos e pró-europeus” compreendessem que “o Partido Social-Democrata pode ser o factor de equilíbrio em torno do qual se poderá formar uma futura maioria”. O líder do PNL, Ilie Bolojan, também se mostrou interessado em aliar-se ao centro.
Já a líder do SOS Roménia, Diana Sosoaca, fez um apelo “a todas as forças patrióticas, soberanistas e nacionalistas para que se unam e formem um governo nacionalista, mesmo que minoritário”.
Tudo dependerá do que acontecerá nas eleições presidenciais, já que o sistema romeno dá ao Presidente do país o poder de escolher quem será o próximo primeiro-ministro e o atraso do processo eleitoral devido à recontagem deixa incerto quando e quem liderará a Roménia nos próximos anos.