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Presidente da Comissão Europeia vai à reunião do Mercosul apoiar acordo comercial
Ursula von der Leyen estará em Montevidéu no próximo final de semana, em viagem considerada como um apoio ao acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que vem sendo negociado há mais de 20 anos.
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Enquanto França e Brasil se digladiam em torno das exportações de carne brasileira para a Europa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, dará uma demonstração do apoio ao tratado entre a União Europeia e o Mercosul, ao comparecer à reunião de cúpula do bloco sul-americano, de 5 e 6 de dezembro, em Montevideu.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o Brasil e os outros países do Mercosul (Argentina, Uruguai e Paraguai) esperam que o processo para o fechamento do acordo, que vem sendo negociado há mais de 20 anos, seja encaminhado para a ratificação. “Há uma grande expectativa, e não só do Mercosul, mas também da esmagadora maioria da União Europeia, de que esse acordo avance com a ida da presidente da Comissão Europeia ao Uruguai”, afirmou.
As negociações para o acordo começaram em 1999 e quase foram concluídas em 2019, mas uma série de entraves políticos tem impedido a sua ratificação. Reunindo 31 países — 27 da União Europeia e quatro do Mercosul —, o tratado tem como objetivo criar uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, com 720 milhões de pessoas e cerca de 20% do PIB mundial.
Apesar do esperado aumento das trocas comerciais e do incremento do desenvolvimento dos dois lados, o acordo não é unânime. Entre os principais críticos estão os agricultores europeus, principalmente os franceses, que têm produtos menos competitivos do que os que vêm da agropecuária brasileira e de outros países do bloco sul-americano.
Recuo do Carrefour
Em uma tentativa de agradar os agricultores franceses, na semana passada, o presidente mundial do grupo francês Carrefour, Alexandre Bompard, afirmou que as carnes do Mercosul “não atendem às exigências e normas da União Europeia”, tendo depois que se retratar por causa da enorme repercussão negativa.
Diante de toda a confusão, o ministro de Minas e Energia disse que a postura de Bompard reflete uma visão distorcida do comércio entre os dois blocos. “O Carrefour já se desculpou. Espero que não cometa novos erros, com uma visão míope sobre a relação bilateral. Nós respeitamos os mercados e a soberania dos países. Queremos a contrapartida de que nós também sejamos respeitados”, declarou.
Silveira, que se encontra em Lisboa para participar do Fórum Impactos Políticos e Sociais dos Litígios de Massa, a convite do ministro Gilmar Mendes, também falou sobre o corte de gastos no Brasil, medida anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A redução nas despesas será de R$ 70 bilhões (11,8 bilhões, ou mil milhões, de euros) nos próximos dois anos.
“Precisamos ter sensibilidade social. É preciso fazer inclusão social, combater a desigualdade, incluir pessoas na cidadania. Questões alimentares devem ser compreendidas como investimento, e não como gasto”, assinalou o ministro, ressaltando a importância de que programas que atendam pessoas menos favorecidas não sejam alvos da tesourada.