Para Gonet, decisão sobre caso Bolsonaro deve ficar para 2025. “Sem açodamento”

Procurador-Geral da República do Brasil afirma, em Lisboa, que denúncias contra Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas acusadas de tentativa de golpe de Estado exigem uma manifestação “segura e justa”.

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Paulo Gonet, procurador-geral da República do Brasil, diz que não pode haver "açodamento" na análise das denúncias contra Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado Adriano Machado / REUTERS
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O procurador-geral da República do Brasil, Paulo Gonet, tem buscado ficar o máximo possível longe dos holofotes. Não sem razão. Ele se tornou peça central nas denúncias feitas pela Polícia Federal, e validadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas, sendo 25 delas, militares. Caberá a Gonet decidir se as denúncias seguirão adiante, se serão arquivadas ou se necessitarão de coletas de mais provas. Por isso, afirma o procurador, é possível que sua decisão fique para o próximo ano. “Não pode haver açodamento”, diz.

Na avaliação de Gonet, que está em Lisboa, onde participa do Fórum Impactos Econômicos e Sociais dos Litígios de Massa, “este é um caso de enorme complexidade, inclusive pelo número de pessoas envolvidas”. Segundo ele, “qualquer que seja a manifestação, ela tem de ser muito responsável e feita de forma ponderada, segura e justa”. Isso, acrescenta o procurador, exige “um estudo aprofundado”, que precisa ser realizado por uma força-tarefa da procuradoria para definir “qualquer que seja a providência”.

“É improvável uma posição em duas semanas”, enfatiza Gonet. “É bem possível que fique para o próximo ano”, acrescenta. O cuidado do procurador em falar sobre o caso tem a ver com a enorme polarização política no Brasil. Para ele, é preciso manter o caráter técnico das decisões, com o devido processo legal sendo seguido. O ministro Gilmar Mendes, do STF, é da mesma opinião, e prevê que uma posição da Procuradoria-Geral da República saia ao longo do primeiro trimestre de 2025.

No Palácio do Planalto, a determinação é de não pressionar a Procuradoria, mas há ansiedade para que as denúncias contra Bolsonaro e os demais 36 suspeitos de terem articulado um golpe de Estado no Brasil sejam aceitas por Gonet o mais rapidamente possível. Nas investigações, a Polícia Federal encontrou provas robustas de que o grupo que seria liderado por Bolsonaro teria montado um esquema para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

O processo que trata desse caso tem, segundo Gonet, quase 900 páginas. Há, ainda, na Procuradoria, o inquérito sobre a falsificação de cartões de vacina contra a Covid-19 por parte de Bolsonaro, com mais 400 páginas.

Prioridade é o Botafogo

A responsabilidade de decidir o futuro do ex-presidente do Brasil não tira o humor de Paulo Gonet. Em Lisboa desde quinta-feira (28/11), ele está acompanhando de perto todas as notícias sobre a final da Taça Libertadores da América. O time do coração dele, o Botafogo, disputará o título com o Atlético Mineiro. O jogo está marcado para este sábado (30/11), no estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, a partir das 17h de Brasília (20h de Portugal). “O título será do Botafogo”, diz o procurador.

O clube carioca ainda tem a chance de ser campeão do Brasileirão na próxima semana. Ainda faltam duas rodadas para o encerramento da competição. Na quarta-feira (04/12), o Botafogo enfrentará o Internacional de Porto Alegre. No domingo, o jogo será contra o São Paulo. O clube lidera o campeonato com 73 pontos, seguido de muito perto pelo Palmeiras, com 70.

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