Ucrânia pede à NATO um convite de adesão já na próxima semana
Governo de Kiev envia carta para pressionar Estados-membros da aliança, argumentando que este é o momento certo para o convite.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiha, pediu aos seus homólogos da NATO que, durante uma reunião em Bruxelas na próxima semana, convidem Kiev a aderir à aliança militar, de acordo com o texto de uma carta vista pela Reuters esta sexta-feira.
Numa altura de incerteza em relação ao que fará Donald Trump sobre o apoio à Ucrânia quando regressar à Casa Branca, a carta reflecte um novo impulso de Kiev para, antes da entrada em funções da nova Administração norte-americana, aumentar a pressão para receber um convite para aderir à NATO, que faz parte do “plano de vitória” delineado no mês passado pelo Presidente Volodymyr Zelensky para acabar com a guerra desencadeada pela invasão russa.
A Ucrânia diz aceitar que não pode aderir à NATO até que a guerra termine, mas estender um convite agora mostraria ao Presidente russo Vladimir Putin que um dos seus principais objectivos - impedir que Kiev se torne membro da NATO - não pode ser alcançado.
A NATO declarou antes que a Ucrânia está num caminho “irreversível” para a adesão, mas não emitiu um convite formal nem estabeleceu um calendário. Diplomatas da aliança afirmam que, nesta fase, não existe consenso entre os membros da organização para convidar a Ucrânia. Qualquer decisão nesse sentido exigiria o consentimento de todos os 32 Estados-membros da aliança.
Em Junho, o Presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a dizer que não apoia a integração da Ucrânia na NATO, mesmo depois de um hipotético acordo de paz com a Rússia.
Na altura, Biden afirmou não estar “preparado para apoiar a ‘natificação’ da Ucrânia” e que encara uma futura relação como a que existe com “outros países, em que fornecemos armas para que se possam defender”.
O Governo ucraniano admitiu esta sexta-feira que compreendia a falta de consenso entre os seus aliados para dar o passo para o convite formal de adesão à Aliança Atlântica, mas acredita que Kiev deve insistir.
“Enviámos uma mensagem aos aliados de que o convite não está fora de questão, independentemente das diferentes manipulações e especulações em torno disso”, afirmou, em declarações à Reuters, Olga Stefanishyna, vice-primeira-ministra responsável pelos assuntos da NATO.
O chefe da diplomacia ucraniana argumentou na sua carta, escrita em inglês, que este era o momento certo para fazer um convite.
“Acreditamos que o convite deve ser alargado nesta fase”, escreveu. “Será a resposta adequada dos Aliados à constante escalada da guerra desencadeada pela Rússia, cuja última demonstração é o envolvimento de dezenas de milhares de forças norte-coreanas e a utilização da Ucrânia como campo de ensaio para novas armas”, acrescentou o ministro.
“Peço-vos que aprovem a decisão de convidar a Ucrânia a aderir à Aliança como um dos resultados da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO de 3-4 de Dezembro de 2024”, conclui a carta.
Zelensky muda chefias militares
O Presidente ucraniano nomeou esta sexta-feira o major-general Mikhail Drapati como novo chefe das forças terrestres e designou o general Oleg Apostol como vice-comandante das Forças Armadas.
“O major-general Mikhail Drapati organizou com sucesso a defesa do eixo de Kharkiv e parou a operação ofensiva das forças russas”, escreveu Zelensky nas redes sociais, referindo-se à operação transfronteiriça lançada pela Rússia na região Nordeste da Ucrânia em Maio. Drapati substitui o general Oleksandr Pavliuk como chefe das forças terrestres.
Zelensky, que anunciou as nomeações após uma reunião com as chefias militares, designou também Oleg Apostol, que anteriormente comandava a 95.ª Brigada de Assalto Separada, como vice-comandante das Forças Armadas.
O chefe de Estado ucraniano justificou as mudanças com a necessidade de aumentar a capacidade de combate, a formação das tropas e a inovação.
“O exército ucraniano precisa de mudanças internas para atingir plenamente os objectivos do nosso Estado”, afirmou Zelensky, que também destacou a experiência de combate dos dois militares.