Mart’nália canta com Martinho da Vila em Portugal e traz um disco novo na bagagem

Esta sexta-feira o Coliseu de Lisboa volta a receber Martinho da Vila. Com ele, vem a sua filha Mart’nália, que acaba de lançar um novo álbum, Pagode da Mart’nália.

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Mart'nália DR
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Para Martinho de Vila é mais um regresso a palcos pelos quais foi ganhando devoção, trazendo consigo dezenas de sambas e canções que o público português bem conhece. Desta vez, tem três espectáculos quase consecutivos: esta sexta-feira no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, dia 30 no Multiusos de Gondomar e dia 3 de Dezembro no Casino Estoril, sempre às 21h30. No palco, com ele, estará uma das suas filhas, Mart’nália.

E se Martinho anuncia, como título destes espectáculos, Grandes Sucessos, Mart’nália tem um álbum novo para apresentar, sucessor de Sou Assim Até Mudar (2021) e dos muitos singles que entre ambos foi lançando. Trata-se de Pagode da Mart’nália, disco assente numa designação que, existindo desde o século XVI, “pagode”, foi evoluindo de simples reunião de músicos nos primórdios para roda de samba, variação de samba e, já nos anos 90, para uma “linhagem mais pop e romântica do samba”. E foi desta onda que vieram os temas que Mart’nália gravou no seu Pagode, num total de doze canções de nove grupos: Só pra Contrariar, Grupo Raça, Raça Negra, Molejo, Grupo Revelação, Katinguelê, Exaltasamba, Soweto e Art Popular. Mas não foi pelos grupos que foram escolhidas.

A ideia de fazer esta gravação partiu de Marcia Alvarez, que trabalha com Mart’nália há anos, e que acabou por assumir a direcção artística do disco com Marcus Preto, ficando a direcção musical a cargo de Luiz Otávio e a produção garantida em conjunto pelos três.

“Achei um desafio interessante e pensei: podemos tentar. Porque eu gosto de desafios”, diz Mart’nália ao PÚBLICO, já em Lisboa. Quanto aos temas, a escolha foi feita pelas músicas, não pelos grupos que as gravaram: “Peguei as obras, fui separando, escolhi as que podia cantar, deixando de fora coisas de que não gosto de falar, e acabou dando nisso. Algumas eu já conhecia, porque a maioria foi sucesso muito grande no Brasil. Depois fui perguntando em casa, a primos, sobrinhos, amigos, ‘se encontrasse um pagode, você ia?’ Eu já tinha pedido a alguns compositores pagode, como ao Xande de Pilares, porque não pensei em fechar nos anos 90 mas, conversando, nós resolvemos fechar mesmo nos anos 90. Então, escolhi esses aí, que tinham mais a ver comigo.”

O disco tem três vozes convidadas: Luísa Sonza, Caetano Veloso e Martinho da Vila. “Nos meus projectos, eu ponho sempre uma música do meu pai, uma releitura de uma música dele”, diz Mart’nália. Mas como meter uma música de Martinho num disco de pagode? Então, em conversa com Paulo Junqueiro, da Sony, pôs-se a hipótese de Martinho cantar mesmo um pagode. Segundo Mart’nália, Paulo Junqueiro duvidou que tal fosse possível, mas ela apostou que era e acabou por ganhar a aposta: martinho canta mesmo com Mart’nália, em dueto O teu chamego, do Grupo Raça. E daí veio a ideia de convidar Caetano: “O meu padrinho musical, depois do meu pai, o padrinho geral.”

O convite a Luísa Sonza teve outro fundamento: “Eu queria uma mulher para cantar comigo, porque nos anos 90 as mulheres não cantavam pagode, que era um mundo masculino. Então eu queria uma mulher que conseguisse falar para todo o mundo, que fosse moderna, nova, e que nessa geração dos 90 não tivesse nem nascido. E a Luísa é uma menina maneira que tem uma voz muito potente para a idade dela, uma voz que transita entre todas as músicas, pop, rock, sertanejo. Porque não no meu samba?”

O disco fecha com Essa tal liberdade, de Chico Roque e Paulo Sérgio Valle (gravada pelos Só Pra Contrariar), com Luiz Otávio a acompanhar Mart’nália ao piano. “Eu não sabia como ia cantar essa música”, confessa Mart’nália. “Mas o Marcus Preto me convenceu de que era importante, o Luiz fez uns acordes no teclado, para tirar o tom, e eu achei que, indo por ali, conseguia. Com esse arranjo e eu fiquei à vontade para cantar.”

Pagode da Mart’nália não foi ainda apresentado ao vivo no Brasil, mas já tem datas para a estreia: será nos dias 3 e 4 de Janeiro de 2025 no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Quanto ao que irá cantar nos espectáculos de Martinho da Vila em Portugal, Mart’nália prefere guardar surpresa. “Essa tournée está começando aqui por Portugal, um dos corações dele, tirando a África. O show é dele, eu vou cantar um pouco e vamos cantar juntos, com certeza.”

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A capa do disco
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