Epicentro industrial verde está a nascer em Sines
As novas unidades para a produção de hidrogénio verde e de HVO (Óleo Vegetal Hidrotratado) da Galp estarão prontas a arrancar em 2026, fruto de um investimento que ronda os 650 milhões de euros.
O caminho para a descarbonização da refinaria de Sines contará com a materialização de um importante marco já em 2026. A partir dessa data, as duas novas unidades industriais – uma para a produção de hidrogénio verde, e a outra de óleo vegetal tratado, mais conhecido pela sigla em inglês HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) – estarão prontas para arrancar em simultâneo. “Na próxima década, a região de Sines transformar-se-á num cluster da descarbonização, com a presença de muita indústria verde”, refere Gonçalo Caeiro. O Director do Gabinete de Projectos da Galp recorda que é na região que se concentram muitas das grandes indústrias, o que a torna igualmente atractiva para outras unidades de produção, algumas já com projectos anunciados.
É também neste local que a Galp pretende concentrar o seu epicentro industrial que contribuirá para a descarbonização do negócio, mas também do país, nomeadamente pela sua localização e características. “Temos um porto de águas profundas que nos permite receber matéria-prima de todo o mundo, um conjunto de outras indústrias nas proximidades, e o nosso objectivo é efectivamente desenvolver a indústria verde”, sublinha Gonçalo Caeiro.
A unidade de hidrogénio verde terá a capacidade de produzir até 15 mil toneladas por ano, através de um electrolisador de 100 MW, desde logo capaz de reduzir o consumo de hidrogénio cinzento nas operações da refinaria em cerca de 20%. Adicionalmente, o hidrogénio produzido permitirá reduzir as emissões poluentes do complexo industrial em cerca de 110 mil toneladas por ano. “Vamos produzir o hidrogénio a partir de água e de electricidade verde, o que permitirá produzir um hidrogénio que tem zero pegada carbónica”, explica o responsável pelas duas unidades de produção que, em conjunto, produzirão combustíveis verdes - gasóleo verde e biojet -, quer para o mercado rodoviário como para o mercado da aviação (SAF - Sustainable Aviation Fuels).
Descarbonizar e reciclar
A produção de HVO em Sines resulta de uma parceria estratégica da Galp com a japonesa Mitsui, que aprovisionará as matérias-primas necessárias à produção do diesel verde. Óleo de cozinha usado, gorduras animais e vegetais e outros subprodutos, fazem parte dos componentes destes biocombustíveis que, desta forma são reutilizados, promovendo a circularidade. “Estaremos a aproveitar resíduos animais e vegetais e, no final do processo de produção, a tirar partido dos subprodutos do HVO, como a Nafta verde, que pode ser vendida a outras indústrias da região”, explica Gonçalo Caeiro.
A sua capacidade de produção será, desde o arranque, capaz de suprir as necessidades nacionais destes combustíveis, e ainda de exportar, garantindo o cumprimento não só das metas para o mercado nacional definidas para 2030, mas também terá alguma capacidade adicional. “Estamos preparados para o futuro”, admite o responsável.
Este conteúdo está inserido no projecto "Descarbonização: que caminho para Portugal?", que inclui ainda case studies de empresas nacionais e uma conferência dedicada ao tema da descarbonização em Portugal