“Ninguém dá nada a ninguém.” Um guia para a Black Friday
Os descontos já estão por todo o lado e podem tornar-se avassaladores. Nuno Figueiredo, da DECOProteste, diz que, ainda que haja boas promoções, é importante estar atento e fazer escolhas ponderadas.
Há menos portugueses a querer aproveitar a Black Friday. Em 2023, um inquérito da DecoProteste concluiu que 79% pretendiam adquirir algum produto durante este período promocional; este ano o valor baixou 8 pontos percentuais. Quem respondeu negativamente ao inquérito diz que não há nada que precise de comprar (39%) ou que os descontos não valem a pena (35%). Há também quem não aproveite as promoções devido à situação financeira (33%).
Ainda assim, os descontos já estão por todo o lado e podem tornar-se avassaladores. Nuno Figueiredo, porta-voz da DecoProteste, sublinha que, ainda que haja boas promoções, é importante estar atento e fazer escolhas ponderadas. Duvidar de oportunidade "imperdíveis", procurar e comparar antes de comprar e conhecer os seus direitos: reunimos as dicas de Nuno Figueiredo numa espécie de "guia de sobrevivência" para a Black Friday.
Não faça compras impulsivas
Esta é a primeira dica do porta-voz da DecoProteste. A existência de grandes descontos, muitas vezes em grande destaque e acompanhados de palavras como “imperdível” ou “última oportunidade”, pode impulsionar compras desnecessárias. Adquirir um produto impulsivamente pode não só ser uma escolha pouco sustentável, como também significar um rombo imprevisto nas contas.
Mesmo que precise do produto, deve ponderar e procurar outras lojas que possam vendê-lo a preços mais baixos ou com condições mais vantajosas.
No inquérito da DecoProteste, 23% das pessoas admitiram ter sucumbido a compras impulsivas, em 2023, gastando mais do que o previsto ou comprando objectos desnecessários.
Faça o trabalho de casa
É muito importante estar informado sobre os preços dos produtos anteriores à Black Friday. Não raras vezes, as marcas aumentam os preços para poderem anunciar um desconto maior, ainda que, legalmente, não o possam fazer. Para anunciar uma promoção, é obrigatório considerar o preço mais baixo nos 30 dias anteriores e baixar o valor relativamente a esse preço, mas “muitos estabelecimentos não cumprem”, afirma o porta-voz da DecoProteste.
“Se [as pessoas] estiverem informadas, vão conseguir perceber” a melhor opção. Os consumidores devem “saber o preço antes (...) para não serem surpreendidos”. Para isso, há várias ferramentas (da DecoProteste, do KuantoKusta, entre outros) que comparam o preço actual com o dos últimos 30 dias.
E lembre-se que algumas lojas prometem igualar o preço ao mais baixo que o cliente encontrar no mercado, o que permite fazer várias compras no mesmo sítio e aproveitar as melhores promoções.
Desconfie de “descontos estrondosos”
Encontrou a televisão que queria comprar a um preço muito distante de todos os outros que tinha visto? “Ninguém dá nada a ninguém, não há descontos tão estrondosos”, sublinha o porta-voz da DecoProteste. “Tudo o que disser ‘hiperpromoção’ ou ‘superpromoção’ é de desconfiar”, pode estar perante um site falso. Importa conhecer “o tipo de site” que está a visitar e o “método de compra”, de forma “a evitar burlas”.
Durante esta altura são muito comuns as tentativas de phishing destinadas a roubar informações pessoais ou dados bancários. Esteja atento e não acredite em tudo o que vê, especialmente se parecer demasiado bom para ser verdade.
A Deco recomenda ainda que se tenha especial atenção ao método de pagamento utilizado: “O melhor é pagar através do MBWay ou referência bancária” para evitar o roubo de dados mais sensíveis.
Conheça as estratégias, saiba os seus direitos
Há muitas estratégias para um consumidor escolher um determinado produto ou uma loja em detrimento de outra.
Em lojas físicas, é comum rodear um produto que se quer vender de outros semelhantes, muito caros e muito baratos. De forma geral, o escolhido é o meio-termo, mas é importante saber que o produto é de qualidade e se o preço é justo.
Nestas alturas, o número de opções é avassalador e torna-se difícil perceber qual é o produto com mais qualidade. As marcas jogam com os elementos mais valorizados pelos consumidores: um preço mais alto, por exemplo, pode parecer conferir mais qualidade ao produto. Porém, diz a DecoProteste, nem sempre é assim, um preço mais elevado não é necessariamente indicativo de qualidade.
Para além disso, os consumidores devem estar informados sobre os seus direitos. De volta aos 30 dias anteriormente referidos: uma baixa de preço só pode ser anunciada como promoção se o valor for inferior ao valor mais baixo dos últimos 30 dias.
Se a compra for feita online, tem 14 dias para fazer a devolução. Numa loja física, o comerciante não é obrigado a receber devoluções, excepto em casos particulares, como quando há um defeito no produto. Verifique a política de devolução da loja onde adquirir objectos e procure saber se há algumas regras especiais para períodos como a Black Friday.