Rússia diz que Trump e aliados procuram a paz e acusa Biden de escalar a guerra

“No círculo de apoiantes de Trump e naqueles que foram nomeados para a futura Administração, a palavra ‘paz’ está a ser ouvida”, diz o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

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Dmitri Peskov acusa Administração Biden de "escalada provocatória" Maxim Shemetov / REUTERS
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A ideia de que o campo de Donald Trump está pronto a discutir um eventual acordo para a paz na Ucrânia ganhou força no Kremlin, segundo afirmou nesta segunda-feira o porta-voz do Governo russo. Numa conferência de imprensa citada pela Reuters, Dmitri Peskov comparou o actual Presidente dos EUA, Joe Biden, a Trump, acusando a administração Biden de procurar uma escalada do conflito, ao contrário do seu sucessor.

"De facto, no círculo de apoiantes de Trump e naqueles que foram nomeados para cargos na futura Administração, a palavra 'paz' ou 'plano de paz' está a ser ouvida", afirmou o porta-voz, em resposta a comentários do escolhido por Trump para conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz, que admitiu que a futura Administração norte-americana estaria disposta a um acordo para pôr fim à guerra. Em sentido contrário, Peskov criticou a Administração de Joe Biden, que acusa de procurar uma "escalada" da guerra na Ucrânia.

"Não se ouvem tais palavras da actual Administração, enquanto prosseguem as acções de escalada provocatória. É essa a realidade com que nos deparamos", acusa.

Mike Waltz, nomeado por Trump para ser o principal conselheiro em matéria de segurança, foi entrevistado no domingo pela televisão norte-americana Fox News, onde disse que Trump estava "muito preocupado com a escalada" e com "o rumo" do conflito entre os dois países, especialmente depois do anúncio da Administração de Joe Biden a autorizar o uso de mísseis de longo alcance contra a Rússia.

"A Coreia do Norte fez esta jogada. Nós fizemos uma jogada. A Rússia respondeu agora. O Irão está envolvido. A Coreia do Sul está a pensar em envolver-se. Os nossos aliados também alargaram o alcance dos seus mísseis", disse Waltz, na entrevista, apelando a que se atinja um "fim responsável".

"Temos de pôr fim a esta situação de forma responsável. Temos de restaurar a dissuasão, restaurar a paz e anteciparmo-nos a esta escalada em vez de lhe darmos resposta", acrescentou.

O tema da guerra da Ucrânia foi recorrente ao longo da campanha presidencial e nos planos de Donald Trump depois da sua eleição. Na campanha, o Presidente eleito afirmou que acabaria com a guerra na Ucrânia em apenas um dia, sem especificar como e que planos teria para o concretizar.

J.D. Vance, o vice-presidente escolhido por Trump, definiu em Setembro um plano de paz que seria o roteiro da nova Administração Trump caso vencesse em Novembro, o que veio a acontecer. Nesse plano, a Rússia manteria o que já ocupou, com uma zona desmilitarizada a dividir os dois países, algo semelhante ao proposto também por Moscovo. No entanto, Kiev recusa qualquer cedência de terreno à Rússia, tendo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, considerado esta possibilidade como "inaceitável" e "suicida para a Europa".