Emma McKeon, a australiana com mais medalhas olímpicas, reformou-se

Atleta deixa a natação competitiva aos 30 anos, oito anos depois da sua estreia olímpica no Rio de Janeiro. Este ano, em Paris, ganhou pela Austrália três medalhas.

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Emma McKeon nos Jogos Olímpicos de Tóquio Marko Djurica/Reuters
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Após uma carreira brilhante, Emma McKeon vai afastar-se da natação competitiva. A atleta australiana, de 30 anos, destacou-se após vencer 14 medalhas em três Jogos Olímpicos, incluindo um recorde de seis ouros, que fizeram dela a mais bem-sucedida da Austrália. O anúncio foi feito no Instagram.

Estou orgulhosa de mim própria por ter dado tudo de mim na minha carreira de nadadora, tanto física como mentalmente. Queria ver do que era capaz — e consegui”, lê-se na publicação desta semana, que acompanha um vídeo que junta vários momentos da sua jornada. “Tenho tantas lições, experiências, amizades e memórias pelas quais estou muito grata. E também a todas as pessoas que me apoiaram, trabalharam arduamente comigo e torceram por mim. Obrigada”, escreveu ainda na rede social.

Na sua primeira participação nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, McKeon ganhou quatro medalhas: uma de bronze, nos 200m livres; duas de prata, nas provas de estafeta (4×200m livres e 4×100m estilos); e uma de ouro, nos 4×100m livres estafeta. Depois, ganhou sete medalhas em Tóquio 2020, entre as quais quatro de ouro (100m livres; 50m livres; estafeta 4×100m estilos; estafeta 4×100m livres). Nessa altura, as suas 11 medalhas olímpicas fizeram com que ultrapassasse o recorde australiano de nove medalhas, conquistadas por Ian Thorpe (que também tinha o recorde de medalhas de ouro, com cinco) e Leisel Jones.

Antes dos Jogos Olímpicos deste Verão, que se realizaram em Paris, a preparação de Emma McKeon foi prejudicada por uma distensão muscular na axila. Mas isso não a impediu de ganhar mais três medalhas: uma de ouro (estafeta feminina 4×100m livres), uma de prata (estafeta feminina ​4×100m estilos) e uma de bronze (estafeta mista 4×100m estilos).

Em Paris, McKeon foi ainda uma das protagonistas de um episódio que levou ao afastamento de um comentador da Eurosport. Após a vitória da equipa feminina australiana nos 4x100 metros livres, o britânico comentou com a sua colega Lizzie Simmonds que as atletas estavam demoradas na sua chegada à cerimónia de entrega das medalhas porque estavam a arranjar-se. “Sabes como são as mulheres, andam por aí... a tratar da maquilhagem.”

De qualquer dos modos, a atleta já havia anunciado que Paris seria a sua última participação nos Jogos Olímpicos enquanto nadadora. “Sabia que seriam os meus últimos Jogos Olímpicos e os meses que se seguiram deram-me tempo para reflectir sobre o meu percurso e pensar como queria que fosse o meu futuro na natação”, disse.

Para o futuro, McKeon não especificou quais são os seus planos, adiantando apenas que quer ver o que a vida lhe reserva e mostrando-se entusiasmada por ver como se pode esforçar de outras formas.

Filha dos nadadores de sucesso Ron e Susie McKeon, a atleta olímpica cresceu nas piscinas. Mas, em entrevista à rádio ABC Illawarra, admitiu ter uma relação “complicada” com o desporto ao qual dedicou a sua vida. “É uma relação de amor e ódio, mas quando acaba percebes quão boa ela é e sentes muita falta”, disse.

Mesmo quando estou de folga, sinto sempre que estou a deixar de me esforçar e trabalhar para atingir um objectivo, continuou.

Em Outubro, Emma McKeon ​visitou a Olympic House em Lausana, na Suíça, para assinar a Olympians Wall e doar o seu traje olímpico de Tóquio 2020 para o Museu Olímpico. E não deixou de partilhar este dia memorável”, escreveu, nas suas redes sociais.

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Emma McKeon exibe a sua colecção medalhas durante os Jogos Olímpicos de Tóquio; na época, somava 11 JOE GIDDENS/EPA

Emma McKeon reservou ainda um tempo para partilhar com a Athlete365 “os seus próximos passos, conselhos para jovens atletas e o seu entusiasmo por Brisbane 2032”. E partilha o que a moldou como atleta: “O melhor conselho que já recebi foi da minha mãe. Quando era adolescente, colocava muita pressão em mim mesma e isso tirava o prazer de nadar. A minha mãe disse-me para parar — se isso não estava a trazer-me felicidade e eu não estava a gostar, deveria parar e encontrar algo que amasse.”


Texto editado por Carla B. Ribeiro

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