Espetáculo sobre Marilyn Monroe mergulha nas glórias e angústias do mito do cinema

Marilyn, Por Trás do Espelho, em cartaz no Teatro da Trindade, traça um perfil da artista que enfrentou a indústria de Hollywood nos anos de 1950 em busca do controle de sua carreira.

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Espetáculo com Anna Sant'Ana narra episódios pouco conhecidos da vida de Marilyn Monroe Roberto Cardoso
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Marilyn Monroe é um dos maiores ícones da cultura pop do Século XX. Começou como modelo, para atingir o ápice do sucesso no cinema. Em uma de suas primeiras aparições na telona, por apenas cinco minutos, em O Segredo das Jóias, de John Houston, em que fazia a jovem amante de um velho criminoso, os críticos perceberam que ali estava uma grande atriz. A seguir, teve um dos seus grandes papéis, o de uma loira ingênua, em A Malvada, em que contracenou com a diva Bette Davis.

A atriz estava longe de ser apenas uma mulher deslumbrante, que arrebatava multidões. Era uma ávida leitora, e estudou teatro com Michael Chekhov, aluno de Stanislavski, o criador do principal método de interpretação para atores.

Desde a sua estreia no cinema, tornou-se mais popular a cada filme, sempre campeão de bilheteria. Apesar de repetidos papéis em que representava a loira ingênua, na vida real, ela mostrou uma forte personalidade. Enfrentou os grandes estúdios de Hollywood para gerir sua carreira e chegou a criar sua própria empresa de produção cinematográfica.

Marilyn era perfeccionista, aplicada e ansiosa. Ao longo da vida, lutou contra o vício em medicamentos e a depressão. São várias nuances de uma existência curta e intensa, que a atriz Anna Sant’Ana traz para o palco no espetáculo Marilyn, Por Trás do Espelho, em cartaz no Teatro da Trindade até 22 de dezembro, sempre às 19h.

O texto, que recebeu os prêmios Cenym de 2022 de Melhor Monólogo e Melhor Texto Original, é fruto de uma longa pesquisa da atriz em livros, filmes e reportagens, iniciada em 2010, e que resultou num levantamento que foi transformado na peça pelo dramaturgo Daniel Dias da Silva. O espetáculo, com direção da portuguesa Ana Isabel Augusto, estreou em agosto de 2022 no Rio de Janeiro e percorreu várias cidades brasileiras antes de chegar em Lisboa.

Ivete Sangalo é exemplo

A peça mostra a admiração que Anna tem por Marilyn. “Ela partiu muito nova, aos 36 anos, mas com uma vida muito abundante de fatos. Foi até difícil selecionar os momentos de que falaríamos no espetáculo, porque tanto a vida profissional quanto a pessoal foram intensas, e ela sempre quis mostrar o quanto era boa atriz”, explica.

Para Anna, mesmo contando a respeito de acontecimentos de 70 anos atrás, a peça consegue falar sobre a realidade atual. "Hoje em dia, o caminho das mulheres ainda é muito longo e árduo para conseguir respeito por suas decisões", afirma. “Marilyn começou esse caminho nos anos 50, ao enfrentar os chefões de Hollywood e ao abrir sua produtora para fazer os próprios filmes. Foi casada três vezes e, em todas as separações, foi ela que tomou a iniciativa de se divorciar, numa época em que as mulheres nem podiam sonhar em fazer isso. Ditou moda, comportamento e liberação sexual”, acrescenta.

A atriz reconhece, porém, que a mudança da situação das mulheres desde os anos de 1950 do século passado, ainda não foram suficientes para elas se sentirem seguras e em situação de igualdade em relação aos homens. “A mulher ainda é representada com o estereótipo de objeto sexual. Estamos percorrendo um caminho, e acredito que a tendência seja de melhora. Quanto a gerir suas carreiras, acho que a Ivete Sangalo é um exemplo, uma mulher forte e que tem o controle de tudo. É uma coisa que foi mudando ao longo do tempo, e Marylin foi uma pioneira. Até então, ninguém tinha tido essa coragem”, afirma.

O espetáculo relembra também momentos icônicos da vida de Marilyn, como o que ela sai de um bolo de aniversário para cantar parabéns para o então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, o da cena do vestido branco levantado pela vento saindo das grades do metrô, do filme O Pecado Mora ao Lado, e o da música Diamonds Are a Girl’s Best Friend, cantada por Marilyn no filme Os homens preferem as loiras, de 1953, e depois gravada por diversas cantoras, entre elas, Madonna.

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