Forças ucranianas perderam 40% do território conquistado em Kursk

Ofensiva ucraniana foi a primeira invasão terrestre da Rússia por uma potência estrangeira desde a Segunda Guerra Mundial. Cinco meses depois, russos voltam a ganhar terreno na região.

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Soldados russos na ofensiva pela recuperação do território em Kursk RUSSIAN DEFENCE MINISTRY PRESS SERVICE HANDOUT / EPA
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A Ucrânia perdeu mais de 40% do território que tinha conquistado na região russa de Kursk, numa incursão surpresa em Agosto, revelou uma fonte militar ucraniana à Reuters. A fonte, do Estado-Maior da Ucrânia, disse que a Rússia enviou cerca de 59.000 soldados para Kursk desde que as forças ucranianas invadiram a região e avançaram rapidamente, apanhando Moscovo desprevenida, dois anos e meio depois do início da invasão em grande escala da Ucrânia.

"No máximo, controlávamos cerca de 1376 quilómetros quadrados. Agora, claro, este território é menor. O inimigo está a aumentar os seus contra-ataques", disse a fonte. "Agora controlamos aproximadamente 800 quilómetros quadrados. Manteremos este território durante o tempo que for militarmente apropriado."

A ofensiva de Kursk foi a primeira invasão terrestre da Rússia por uma potência estrangeira desde a Segunda Guerra Mundial e apanhou Moscovo desprevenida. Com a investida em Kursk, Kiev pretendia travar os ataques russos no Leste e Nordeste da Ucrânia, forçar a Rússia a recuar as forças que avançam gradualmente a Leste e dar a Kiev uma vantagem extra em quaisquer futuras negociações de paz. Mas as forças russas continuam a avançar firmemente na região oriental de Donetsk, na Ucrânia.

A fonte do Estado-Maior ucraniano reiterou que cerca de 11 mil soldados norte-coreanos tinham chegado à região de Kursk com o apoio da Rússia, mas que a maior parte ainda estava a finalizar o seu treino. O Ministério da Defesa russo não respondeu de imediato a um pedido da Reuters para comentar a mais recente avaliação de Kiev sobre a situação na região de Kursk.

A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os números ou as descrições apresentadas. Moscovo não confirmou nem negou a presença de forças norte-coreanas em Kursk.

No dia 11 de Novembro, o chefe das Forças Armadas ucranianas disse que as suas forças sitiadas não estavam apenas a lutar contra os reforços russos em Kursk, mas também a lutar para reforçar duas frentes sitiadas no Leste da Ucrânia e a preparar-se para um ataque de infantaria no Sul.

Ameaça de avanço russo

A fonte do Estado-Maior afirmou ainda que a região de Kurakhove é agora a mais perigosa, uma vez que as forças russas estarão a avançar entre 200 a 300 metros por dia e conseguiram fazê-lo, em algumas áreas, com veículos blindados apoiados por defesas anti-drone. A cidade de Kurakhove é um trampolim para o centro logístico crítico de Pokrovsk, na região de Donetsk.

De acordo com uma fonte do Estado-Maior ucraniano, a Rússia tem actualmente cerca de 575 mil soldados a combater na Ucrânia e pretende aumentar as suas forças para cerca de 690 mil. A Rússia não divulga os números envolvidos nos seus combates e a Reuters não conseguiu verificar esses números de forma independente.

À medida que a Ucrânia luta contra um inimigo maior e mais bem equipado, Kiev tem procurado perturbar a logística e as cadeias de abastecimento russas, atingindo depósitos de armas e munições, aeródromos e outros alvos militares russos bem dentro da Rússia.

A Ucrânia ganhou mais liberdade para o fazer no início deste mês, depois de o Presidente Joe Biden ter deixado cair a sua oposição a que Kiev disparasse mísseis fornecidos pelos EUA contra alvos no interior da Rússia, em resposta à entrada da Coreia do Norte na guerra.

Na passada semana, a Ucrânia disparou mísseis americanos ATACMS e britânicos Storm Shadow contra a Rússia. Um dos alvos do ATACMS era um depósito de armas a cerca de 110 km da fronteira. Moscovo prometeu responder ao que considera ser uma escalada dos apoiantes ocidentais da Ucrânia.

Na quinta-feira, a Rússia lançou um novo míssil balístico hipersónico de médio alcance contra a cidade ucraniana de Dniepropetrovsk​ e assumiu que era um aviso à NATO e ao Ocidente.