Rússia diz que 56 civis morreram durante incursão ucraniana em Kursk
Kiev afirma que cumpre o direito internacional e, por isso, não ataca civis, e rejeita as alegações do Kremlin. Num ano, drones ucranianos conseguiram atingir mais de 200 instalações militares russas.
A Rússia disse que pelo menos 56 civis terão sido mortos pelas forças ucranianas durante a incursão na província de Kursk no início de Agosto. O Governo ucraniano disputou os números avançados por Moscovo, garantindo que cumpre o direito internacional e não ataca civis.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo fez esta segunda-feira uma actualização do número de baixas civis durante a incursão militar ucraniana em Kursk, elevando de 31 para 56 o número de mortos – o último balanço tinha sido divulgado a 5 de Setembro, um mês depois do início da operação ucraniana. Foram registados 266 feridos.
O Kremlin revelou ainda que 131 mil civis abandonaram as zonas mais perigosas da região e acusou as forças militares ucranianas de manterem pessoas contra a sua vontade em zonas ainda ocupadas, incluindo cerca de cem pessoas na cidade de Sudzha.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Heorhii Tykhii, disse simplesmente que a Ucrânia respeita o direito internacional e, por isso, não ataca civis, informando que as autoridades ucranianas não têm capacidade para verificar a veracidade dos números divulgados por Moscovo.
“Tendo em conta a longa história de propaganda e números falsos da Rússia, não há simplesmente forma de verificar as suas alegações”, afirmou o responsável, acrescentando que cabe às autoridades russas conceder autorização à ONU e à Cruz Vermelha para entrar nos territórios em causa.
O Kremlin considerou que o convite feito pela Ucrânia à ONU e ao Comité Internacional da Cruz Vermelha para entrarem na região de Kursk é uma “provocação” e disse esperar que as duas organizações não o aceitem.
A incursão ucraniana em Kursk, no início de Agosto, foi uma das operações mais surpreendentes desde o início da invasão russa há mais de dois anos e meio, apanhando de surpresa tanto a Rússia como os parceiros ocidentais de Kiev.
O objectivo daquela que foi a maior invasão terrestre estrangeira de território russo desde o fim da II Guerra Mundial é forçar a Rússia a desviar soldados e armamento para outra frente. No entanto, as forças russas no Donbass continuam a alcançar progressos.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse recentemente que a Ucrânia mantém sob controlo cerca de cem localidades da província de Kursk, embora nas últimas semanas as forças russas tenham começado a recuperar terreno.
Esta segunda-feira, o governador da província vizinha de Belgorod, Viacheslav Gladkov, disse que três civis, incluindo uma criança, foram mortos na sequência de um ataque aéreo ucraniano. Esta região também tem sido alvo de ataques ucranianos com recurso a mísseis e drones.
Ao longo do último ano, a Ucrânia conseguiu atingir mais de 200 instalações militares na Rússia com recurso a drones, revelou o ministro da Defesa, Rustem Umerov, num artigo publicado na edição ucraniana da revista Forbes. “Hoje, os drones ucranianos voam mais de mil quilómetros, alcançando Murmansk e a região do Volga, destruindo as refinarias e as bases aéreas russas”, afirmou o ministro.