Laboratório de Cidadania lançou o desafio e os ilhavenses responderam. Há 22 ideias para serem trabalhadas

Iniciativa está a colocar a comunidade a desenvolver projectos nas áreas da alimentação, mobilidade, energia, economia circular e redes de vizinhança e solidariedade.

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A temática das redes de vizinhança e solidariedade foi a que mais mereceu a atenção dos cidadãos Adriano Miranda
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O Laboratório de Cidadania pela Proximidade Urbana, iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Ílhavo e da Universidade de Aveiro – apoiada pelo projecto europeu Urban Imprint – conseguiu reunir 22 ideias cidadãs para as temáticas da alimentação, mobilidade, energia, economia circular e redes de vizinhança e solidariedade. Entre essas ideias estão um projecto de voluntariado de bairro a um mapa de território com histórias de lugar, de gentes. Terminada a fase de convocatória pública, seguem-se quatro encontros de trabalho – o último dos quais a 30 de Novembro – com vista a transformar estas ideias em seis ou oito projectos.

“O que pretendemos é agrupar estas ideias e combiná-las entre si, sem deixar nenhuma de fora”, explicou ao PÚBLICO José Carlos Mota, professor e investigador da Universidade de Aveiro. Atendendo ao pouco tempo que mediou entre o lançamento da convocatória e o prazo final para apresentar propostas (cerca de duas semanas), José Carlos Mota mostra-se surpreendido com a adesão dos cidadãos. “Tivemos 35 pessoas inscritas como colaboradoras ou proponentes”, destaca.

Entre as ideias a serem trabalhadas está a possibilidade de concretizar um programa de reflorestação comunitária em que cada residente de Ílhavo seja incentivado a plantar e cuidar de uma árvore, assim como a criação de uma loja de trocas (roupa, objectos e produtos hortícolas), no âmbito da qual uma pessoa poderá entregar dez artigos para doar, conquistando, assim, o direito a escolher outros dez artigos para levar consigo para casa. São apenas dois exemplos do que irá agora ser trabalhado na área da economia circular, que mereceu mais duas ideias.

A temática das redes de vizinhança e solidariedade foi a que mais mereceu a atenção dos cidadãos, com um total de dez propostas apresentadas. É aqui que cabem as propostas de voluntariado de bairro e o mapa de território com histórias, a par com a ideia de criar pequenas livrarias de rua em pequenos armários fechados ou algo como uma cabina telefónica sem uso e espalhadas pelas ruas da cidade. Foi também feita a sugestão de criar assembleias de cidadãos, com consulta permanente à cidadania sobre os temas de interesse local e regional, entre outras ideias.

Rotas seguras e “kits de mobilidade”

Na área da mobilidade, há seis ideias para serem discutidas e trabalhadas, desde criar uma plataforma colaborativa de mapeamento onde os cidadãos possam identificar e sugerir rotas seguras, acessíveis e ecológicas, a oferecer um “kit de mobilidade” aos alunos das escolas – com luz e um tipo de capacete atractivo e personalizado. Outras ideias passam por instalar carregadores de bicicletas e trotinetas eléctricas em locais estratégicos e criar uma plataforma que estimulará a adopção da bicicleta como meio de transporte preferencial, garantindo o seu armazenamento de forma segura e prática aos seus utilizadores que não têm esta opção, providenciando uma alternativa cómoda e segura.

Na área da energia, há a ideia de criar um programa de literacia energética e incentivos para a transição energética. Já na vertente da alimentação, foi apresentada uma proposta para a produção de cebolinho, manjericão roxo, manjericão-genovês em sistema hidropónico, assim como a possibilidade de criar hortas de carácter comunitário em espaços públicos ou terrenos não utilizados localizados no município de Ílhavo.

“Teremos agora três etapas: uma primeira de elaboração da árvore do problema, discutindo causas e consequências; uma segunda de concepção da ficha do projecto; a terceira de planeamento e execução da acção experimental”, anuncia José Carlos Mota, a propósito deste que é o primeiro laboratório de cidadania em Ílhavo. A Universidade de Aveiro, refira-se, já tem vindo a desenvolver este tipo de iniciativas noutros municípios. Além das experiências em Aveiro – uma no Bairro de Santiago e outra para promover a integração da comunidade africana -, a instituição de ensino superior aveirense também tem vindo a trabalhar projectos nos municípios de Matosinhos e Maia.

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