Rainha Camila distinguida com doutoramento honoris causa em literatura
“É justo que este doutoramento honoris causa em literatura reconheça os esforços excepcionais de sua majestade para promover a literacia”, destacou Mark Lowcock da Universidade de Londres.
Camila é a mais recente doutorada da Universidade de Londres. A rainha foi distinguida com um doutoramento honorário “pelos esforços excepcionais” feitos para a promoção da literatura e da literacia nos últimos 20 anos. A homenagem foi entregue pelas mãos da cunhada, a princesa Ana, que é chanceler da instituição desde 1981.
No vídeo divulgado nas redes sociais vê-se Camila com o manto académico a ajoelhar-se perante a princesa Ana que lhe atribuiu o doutoramento honoris causa nesta quarta-feira. Antes desse momento formal, a princesa lembrou que os doutoramentos honorários são para “indivíduos notáveis” que são “líderes no seu campo próprio de serviço público”.
O presidente do conselho de administração da Universidade de Londres, Mark Lowcock, elogiou o trabalho de Camila, que diz captar “a alegria que pode ser encontrada na literatura”. E declarou: “Por isso, é justo que este doutoramento honoris causa em literatura reconheça os esforços excepcionais de sua majestade para promover a literacia e a educação, não apenas como um dever público, mas como uma missão pessoal inspirada por um amor à leitura que durou toda a vida.”
A cerimónia foi uma rara ocasião para juntar a princesa Ana e a rainha Camila, cuja relação se sabe não ser particularmente próxima — ao contrário de Carlos e da irmã. Contudo, a filha de Isabel II já elogiou publicamente a rainha. “Este papel não é algo para o qual ela teria um talento natural, mas desempenha-o muito bem. A sua compreensão do seu papel e da diferença que faz para o rei foi absolutamente extraordinária”, declarou no documentário sobre a coroação da Carlos III.
The Princess Royal, as Chancellor of the University of London, conferring an honorary doctorate of Literature on Queen Camilla, in recognition of her public work in the field of literature and literacy, tonight! ?????? pic.twitter.com/xzRNsqmr0D
— Princess Anne & Sir Tim Laurence ? (@TheLaurences_) November 20, 2024
As duas cunhadas partilharam um momento insólito quando Camila tentou quebrar o protocolo real, deixando que Ana lhe passasse à frente. A princesa manteve-se fiel ao protocolo e recusou “educadamente” entrar primeiro na sala onde decorreria a cerimónia, dando prioridade à rainha. A ordem de precedência tem a ver com a hierarquia dentro da família real e é comum vê-la claramente em eventos oficiais da família real — que não era o caso desta cerimónia.
Camila juntou-se assim à lista de honoris causa da Universidade de Londres que inclui nomes como Winston Churchill, a actriz Judi Dench ou o poeta T.S. Eliot. Em 1908, numa cerimónia semelhante, o rei Jorge V e a rainha Maria foram distinguidos com a mesma honra, quando eram ainda príncipes de Gales, detalha o site da família real.
Além de Camila, foram ainda distinguidos na mesma cerimónia: Nahim Ahmed em Ciências Sociais; Michael Arthur em Medicina; Anthony Neoh em Direito; e Abdul Fazal Bhanji, financiador da instituição.
A rainha sempre apregoou o gosto pela leitura e desde 2021 que tem o seu próprio clube de leitura para falar da paixão pelos livros e promover a leitura ─ uma das suas maiores causas enquanto membro da família real é a alfabetização e apadrinha várias associações dedicadas a este tema.
Num dos episódios do podcast Queen’s Reading Room, Camila confessava como os livros são também um escape para os dias menos bons. “Quando temos um dia de loucura e tudo corre mal, podemos sentar-nos, respirar fundo, pegar num livro e pronto ─ somos transportados para outro mundo”, aconselhava. E continuava: “Esquecemo-nos do que se passa à nossa volta e é uma sensação maravilhosa a de estarmos realmente absorvidos e de nos desligarmos do resto do mundo.”
O gosto pela leitura terá sido herdado do pai, Bruce Shand, que lhe lia histórias quando era pequena. “Ele escolhia os livros e nós ouvíamos. E acho que foi o seu amor pelos livros que ficou enraizado em nós, desde muito cedo”, analisa a rainha, num questionário publicado na página do clube de leitura, onde também descrevia a experiência de leitura. “Há algo de tão táctil nos livros. Gosto do cheiro das páginas quando se abre a capa. Virar as páginas e dobrar um canto para baixo, pronto para a próxima vez.”