Cantautor espanhol Luis Pastor vence Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura 2024
Luis Pastor colaborou com Fausto, Dulce Pontes, Cesária Évora e musicou poemas de José Saramago. Ministério da Cultura destaca contribuição para as “transições sociais de ambos os lados da fronteira”.
O cantautor espanhol Luis Pastor foi distinguido com o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura 2024, pela "ligação à defesa dos valores democráticos" e pela "contribuição musical e poética para as transições sociais" na península, foi anunciado esta sexta-feira.
Em nota de imprensa, o ministério português da Cultura revelou que Luis Pastor é distinguido pela carreira de mais de 50 anos, "tanto em Espanha como em Portugal, bem como a sua ligação à defesa dos valores democráticos e a sua contribuição musical e poética para as transições sociais de ambos os lados da fronteira partilhada, desde logo pela influência da 'Revolução dos Cravos'".
Nascido em 1952 em Berzocana, Cáceres, Luis Pastor liderou a "geração de cantautores, símbolos da luta antifranquista", tendo começado a gravar em 1972, lê-se na nota biográfica.
Depois dos primeiros temas, La huelga del ocio e Con dos años, proibidos pela censura do regime liderado por Francisco Franco, Luis Pastor editou dezenas de álbuns, colaborou com Fausto Bordalo Dias, Dulce Pontes, Cesária Évora e musicou poemas de José Saramago. Em 2022 foi distinguido com a Medalha de Ouro de Belas Artes do Ministério da Cultura de Espanha.
Este ano, Luis Pastor editou Extremadura Fado, no qual "a influência do fado português e da morna cabo-verdiana se entrelaçam com a essência cultural da Extremadura, criando uma mistura única e emocionante", refere o Ministério da Cultura.
Em Nesta Esquina do Tempo, livro-disco de 2006, Luis Pastor reuniu 14 canções a partir do universo de José Saramago, a que juntou a voz do escritor, afirmando "e nós o somos [deuses], por tão humanos sermos". Com Cesária Évora concebeu Tiempo y silencio e, com Dulce Pontes, Lluvia De Mayo. A colaboração com Fausto encontra primeiro registo em Quase Peninsular, canção-diálogo Lisboa-Madrid do álbum Histórias de Viageiros, de 1979, do músico português.
O Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, de carácter bienal, tem uma dotação de 75.000 euros, e o júri integrou elementos dos dois países, tendo sido presidido, nesta nona edição, por Sandra Guimarães, directora do Museu de Arte Contemporânea Helga de Alvear, em Cárceres.
O prémio foi criado em 2006 para "homenagear um autor, pensador, criador ou intérprete vivo, ou ainda uma instituição que, através do seu trabalho no domínio das artes e da cultura, tenha contribuído de forma significativa para o reforço dos laços entre os dois Estados".
O poeta e tradutor José Bento, o professor Perfecto Quadrado, o cineasta espanhol Carlos Saura, o arquitecto Álvaro Siza, a escritora Lídia Jorge, a autora e tradutora Pilar del Río, a fadista Mariza e o produtor Paulo Branco foram distinguidos em edições anteriores. Em 2020, o prémio não foi atribuído, de comum acordo pelos dois países, no contexto da pandemia da covid-19.