Matt Gaetz retira candidatura a procurador-geral dos EUA
Ex-congressista escolhido por Donald Trump diz que a polémica em redor da sua nomeação para liderar o Departamento de Justiça estava a tornar-se “uma distracção”.
Matt Gaetz, ex-congressista republicano que Donald Trump escolheu para procurador-geral dos Estados Unidos, decidiu esta quinta-feira retirar o seu nome da consideração para o mais alto cargo da Justiça na futura Administração norte-americana.
“Não há tempo a perder com uma disputa desnecessariamente prolongada em Washington, portanto, vou retirar o meu nome da consideração para servir como procurador-geral”, escreveu Gaetz numa publicação na rede social X, dizendo que a polémica em redor da sua nomeação estava a tornar-se “uma distracção”.
“O Departamento de Justiça de Trump deve estar no lugar e a postos no primeiro dia”, acrescentou Gaetz.
O anúncio foi feito um dia depois de a Comissão de Ética da Câmara dos Representantes ter chegado a um impasse quanto à divulgação de um relatório por suspeitas de conduta sexual imprópria, uso de substâncias ilícitas e apropriação de fundos de campanha para fins pessoais, e de Gaetz se ter reunido com os senadores republicanos cujo apoio seria necessário para ser oficialmente nomeado para o cargo de procurador-geral.
Numa declaração publicada logo após Gaetz ter anunciado a sua decisão, Donald Trump disse também que o ruído em redor da confirmação do homem que escolheu para chefiar o Departamento de Justiça se tornou uma distracção.
“Aprecio muito os recentes esforços de Matt Gaetz para tentar obter aprovação para ser procurador-geral. Ele estava a sair-se muito bem, mas, ao mesmo tempo, não queria ser uma distracção para a Administração, pela qual tem muito respeito. O Matt tem um futuro maravilhoso e estou ansioso por ver todas as grandes coisas que irá fazer!”, escreveu o Presidente eleito dos EUA na rede Truth Social.
A partir do momento em que foi indicado por Trump para procurador-geral, na semana passada, Gaetz começou imediatamente a ver questionadas não só as suas qualificações para ocupar o cargo de principal responsável pela aplicação da lei nos Estados Unidos, como também a sua passada conduta pessoal, nomeadamente por alguns senadores republicanos que iriam aprovar a nomeação, embora nenhum tenha manifestado publicamente a sua oposição.
A senadora republicana Cynthia Lummis disse, citada pela Reuters, que a decisão de Gaetz daria a Trump a oportunidade de nomear um procurador-geral “com menos ventos contrários no Senado”.
O ex-congressista do Partido Republicano foi investigado pelo Departamento de Justiça durante quase três anos por suspeita de ter pago a uma menor para se deslocar à Florida para fazer sexo, o que seria um crime de tráfico sexual de menores, segundo as leis norte-americanas.
A investigação acabou por ser encerrada em 2023, depois de os procuradores responsáveis pelo caso terem desaconselhado uma acusação criminal contra Gaetz, por considerarem que a credibilidade das duas principais testemunhas iria ser posta em causa durante o potencial julgamento.
Ao mesmo tempo, Gaetz estava a ser alvo de uma investigação pela Comissão de Ética da Câmara dos Representantes, o que poderia levar à sua expulsão, que o representante do estado da Florida evitou ao apresentar a sua demissão da câmara baixa do Congresso norte-americano, na semana passada.