Marinha dinamarquesa acompanha navio chinês após corte de cabos submarinos no Báltico

Dinamarca e Suécia suspeitam de navio chinês que partiu de um porto russo a 15 de Novembro e que passou pelos locais em que dois cabos submarinos foram cortados entre domingo e segunda-feira.

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O navio chinês Yi Peng 3 no estreito de Kattegat, Dinamarca, a 20 de Novembro Mikkel Berg Pedersen / VIA REUTERS
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As Forças Armadas da Dinamarca informaram esta quarta-feira que estão a acompanhar um navio chinês que está actualmente parado em águas dinamarquesas. A operação decorre após dois cabos submarinos de telecomunicações terem sido cortados no mar Báltico. “A Defesa dinamarquesa pode confirmar que está presente na área perto do navio chinês Yi Peng 3”, anunciaram as forças armadas deste país nórdico numa publicação na rede social X, acrescentando que não tinham mais comentários a tecer.

No centro das suspeitas está um navio mercante que, de acordo com dados de rastreamento de embarcações disponibilizados na plataforma online Marine Traffic, estava parado no estreito de Kattegat, entre a Dinamarca e a Suécia, com um navio-patrulha da Marinha dinamarquesa igualmente ancorado nas proximidades.

É muito raro a Defesa dinamarquesa referir-se publicamente a embarcações individuais, realça a Reuters.

Mais tarde, a polícia sueca disse à agência de notícias TT que também estava a acompanhar o Yi Peng 3, acrescentando que pode haver outras embarcações a suscitar o interesse das autoridades de Estocolmo.

O navio chinês deixou o porto russo de Ust-Luga a 15 de Novembro e esteve nas áreas onde veio a ocorrer o corte de dois cabos submarinos. Um dos cabos ligava a Suécia à Lituânia e foi cortado no domingo. O segundo cabo, entre a Finlândia e a Alemanha, foi danificado menos de 24 horas depois. Os incidentes ocorreram na zona económica exclusiva da Suécia e a procuradoria daquele país abriu uma investigação preliminar na terça-feira por suspeita de sabotagem.

O ministro da Defesa Civil da Suécia, Carl-Oskar Bohlin, disse à Reuters também na terça-feira que as Forças Armadas e a Guarda Costeira do país detectaram movimentos de navios que correspondiam ao corte de dois cabos de telecomunicações no mar Báltico.

Um porta-voz do Governo chinês disse, por seu lado, numa conferência de imprensa esta quarta-feira que Pequim sempre exigiu que as suas embarcações cumprissem as leis e regulamentações relevantes. “Também atribuímos grande importância à protecção da infra-estrutura do leito marinho e, juntamente com a comunidade internacional, estamos a promover activamente a construção e protecção de cabos submarinos e outras infra-estruturas globais de informação”, disse o porta-voz.

Vários governos europeus acusaram a Rússia na terça-feira de intensificar ataques “híbridos” contra aliados ocidentais da Ucrânia, mas não chegaram a acusar directamente Moscovo de destruir os cabos submarinos. Questionado sobre o assunto na quarta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse numa conferência de imprensa que “é completamente absurdo continuar a culpar a Rússia por tudo sem nenhuma razão”.